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BRASIL

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que acabam sendo removidas de áreas em processo de valorização, onde<br />

muitas vezes o valor pago pelo imóvel não possibilita a compra de outro<br />

imóvel na mesma região fazendo com que haja crescimento da periferia das<br />

cidades.<br />

Ao edificarem irregularmente suas casas, ruas e o espaço de lazer organizam<br />

também sua mística religiosa, sua feira, seu comércio em áreas descartadas<br />

economicamente nas áreas periféricas. Assim, pode-se pensar em<br />

como as regras têm sido modificadas em benefício de grupos econômicos<br />

que mercantilizam o espaço público tornando lícito o ilícito, a urgência da<br />

reestruturação urbana em virtude da Copa do Mundo age aqui como justificativa<br />

para uma transgressão em um caso específico por meio de uma<br />

exceção (AGAMBEN, 2004, p. 40 e 41).<br />

Dessa forma, líderes políticos podem ser também importantes<br />

donos de propriedade e trabalhar em conselhos consultivos<br />

públicos, como comissões de zoneamento ou de variância, que<br />

incluem donos de grande propriedade. Portanto, são igualmente<br />

partes interessadas enquanto particulares os funcionários<br />

públicos que trabalham com cidadãos que ocupam posições<br />

públicas passiveis de favorecer seus interesses particulares<br />

(GOTTDIENER, 2010, p. 219-220).<br />

A distribuição de infraestrutura urbana que acontece em Cuiabá oferece<br />

vantagens locais para atrair investimentos nacionais e internacionais,<br />

como subsídios (renúncias fiscais, aquisição de terrenos e crédito barato),<br />

flexibilização legislativa e oferta de mão de obra e infraestrutura urbana<br />

(HARVEY, 2005).<br />

De acordo com Jacobs (2011),<br />

Os shoppings centers monopolistas e os monumentais centros<br />

culturais, com o espalhafato das relações públicas, encobrem a<br />

exclusão do comércio – e também da cultura – da vida íntima e<br />

cotidiana das cidades. [...] Para que tais maravilhas sejam executadas,<br />

as pessoas estigmatizadas pelos planejadores são intimidadas,<br />

expropriadas e desenraizadas, como se eles fossem o<br />

poder dominante. Milhares e milhares de pequenos negócios<br />

são destruídos, e seus proprietários, arruinados, e dificilmente<br />

recebem qualquer compensação. Comunidades inteiras são<br />

arrasadas e lançadas ao vento, colhendo um cinismo, um ressentimento<br />

e um desespero difíceis de acreditar (JACOBS, 2011,<br />

p. 2-3).<br />

Ao caminhar pela cidade ou mesmo ao fazer a leitura sobre essa expropriação<br />

do espaço vivenciada pelos moradores, que não são assistidos por<br />

programas públicos que atendem a sua necessidade de moradia, muitas vezes,<br />

não é possível perceber ou mesmo conhecer essa realidade. É indignante<br />

262 Metropolização e Megaeventos

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