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BRASIL

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dos processos decisórios vinculados aos dois megaeventos esportivos considerados<br />

e tampouco tiveram um papel relevante no monitoramento das<br />

ações implementadas.<br />

Ao mesmo tempo, o modelo de governança constituído legitimou<br />

canais, processos e instituições vinculados aos agentes econômicos promotores<br />

do evento, com base no discurso de atração de investimentos e<br />

desenvolvimento das cidades. Assim, constata-se em quase todas as cidades-sede,<br />

e também no âmbito federal, a instituição de órgãos especiais responsáveis<br />

pela gestão dos projetos implementados.<br />

Nesse contexto, pode-se perceber a crescente adoção pelo poder público<br />

de um padrão de intervenção marcado pela exceção, na qual foram<br />

instituídas leis e decretos especiais pelo governo federal e pelos governos<br />

estaduais e municipais vinculados às cidades-sede. As medidas adotadas<br />

expressam exceções em relação a lei vigente em cada âmbito de governo e<br />

criaram um conjunto de privilégios para a FIFA e para as grandes empresas<br />

a ela associadas, envolvendo o poder de gestão de certos espaços públicos<br />

direta ou indiretamente afetados pela realização do evento, o monopólio comercial<br />

de áreas exclusivas, e a isenção de taxas e impostos, entre outros. Da<br />

mesma forma, estão previstos os mesmos privilégios para o COI, quando da<br />

realização das Olimpíadas.<br />

Em síntese, percebe-se que o conjunto de medidas adotado expressa<br />

um padrão de intervenção subordinado aos interesses privados e a lógica do<br />

mercado, na medida em que o poder público adota canais decisórios sem<br />

participação e controle social e leis que atendem aos interesses dos grandes<br />

agentes econômicos tais como verificado no caso da criação de áreas<br />

de comercialização exclusiva controladas pela FIFA, pelo COI e pelos seus<br />

patrocinadores.<br />

Oitava proposição. A preparação da Copa do Mundo<br />

e das Olimpíadas tem servido para difundir um modelo<br />

de gestão fundado nas parceiras público-privadas<br />

No bojo das intervenções implementadas nas cidades-sede, percebe-se diversos<br />

processos de transferência da gestão de equipamentos urbanos para<br />

o setor privado. Há fortes indícios de que o contexto dos megaeventos esportivos<br />

tem servido para difundir um novo modelo de gestão fundado nas<br />

parcerias público-privadas (PPPs).<br />

Dos 12 estádios utilizados na Copa do Mundo 2014, três eram privados<br />

e nove eram públicos, geridos diretamente pelo poder público. Cinco<br />

destes – Belo Horizonte, Fortaleza, Natal, Recife e Salvador – foram reformados<br />

através de parcerias público-privadas, que concederam o direito<br />

de gestão dos mesmos a empresa e consórcios vencedores das licitações.<br />

36 Metropolização e Megaeventos

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