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BRASIL

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Em São Paulo, a construção da Arena Corinthians no bairro de Itaquera<br />

se soma a uma série de medidas adotadas pelo poder público para atrair<br />

empresas e grandes empreendimentos comerciais para a Zona Leste da cidade.<br />

No meio desse processo, amplificado com a Copa, a Comunidade da<br />

Paz passou a ser ameaçada de remoção. A comunidade, foi formada há mais<br />

de 20 anos e, de acordo com levantamento da Prefeitura realizado em 2013,<br />

possui aproximadamente 370 famílias de baixa renda.<br />

Diante do conjunto de obras que afetam a região, os moradores da<br />

Favela da Paz receberam, em 2010, a notícia de que seriam despejados por<br />

conta da implantação de um Parque Linear. Entretanto, o Movimento Nossa<br />

Itaquera e junto com as Comunidades Unidas de Itaquera fomentaram um<br />

processo de resistência, com organização de manifestações e cobrança de<br />

negociação com a Prefeitura.<br />

Inspirados pelo Plano Popular da Vila Autódromo no Rio de Janeiro,<br />

a comunidade elaborou um plano alternativo, com assessoria da Peabiru e<br />

do Instituto Polis, e apresentou uma proposta de urbanização da comunidade,<br />

com desadensamento, solução para as áreas de risco, melhorias habitacionais<br />

e proposta de reassentamento, na própria região, para as famílias<br />

removidas por risco ambiental ou pelas obras da Copa do Mundo. Depois<br />

de uma série de encontros com representantes da Prefeitura, os moradores<br />

conseguiram o compromisso de que não haveria remoção de nenhuma família<br />

antes da viabilização da moradia definitiva. Apesar de não atender plenamente<br />

ao desejo de permanência na área, esta solução foi recebida pela<br />

comunidade como uma vitória.<br />

Outra importante vitória da luta popular na Zona Leste foi decorrente<br />

da ocupação “Copa do Povo”, realizada a menos de 4 km do palco de abertura<br />

da Copa. No dia 2 de maio, um pouco mais de um mês antes do início do<br />

evento, centenas de famílias organizadas pelo MTST ocuparam um terreno<br />

privado que estava abandonado há mais de 20 anos. Dois dias depois, a ocupação<br />

já tinha recebido mais de 2 mil famílias de diversas comunidades de<br />

Itaquera e de outros bairros da Zona Leste. Essas famílias viviam em condições<br />

precárias de moradia ou não possuíam mais condições de arcar com os<br />

aumentos dos aluguéis na região: de acordo com o índice Fipe/Zap, o metro<br />

quadrado no bairro aumentou 165% nos últimos 6 anos.<br />

De acordo com o MTST, a ocupação foi uma demonstração que os<br />

investimentos da Copa em Itaquera não atenderam aqueles que mais precisam.<br />

O movimento conseguiu a aprovação de um projeto, com recursos<br />

do PMCMV, para a construção de cerca de 2 mil moradias na Copa do Povo.<br />

Por fim, nas cidades de Brasília e de Manaus, não foram registradas<br />

remoções e desapropriações, embora em Manaus tenha sido estimado que<br />

900 famílias seriam removidas, em três bairros, para possibilitar a implan-<br />

Copa do Mundo 2014 e os Impactos no Direito à Moradia 101

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