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Autonomia, mobilidade e perceção espacial das crianças e jovens<br />
Cláudia Sofia Pereira Eiras<br />
Universidade do Minho<br />
claudiaeiras@hotmail.com<br />
Resumo-As crianças têm vindo a perder a sua autonomia e mobilidade. Raramente se<br />
vê uma criança a brincar na rua, a se deslocar para a escola a pé ou a passear (cf. Relatório<br />
mundial do Policy Studies Institute (2015), Christensen et all (2011), Lansky et all (2014), Neto<br />
(2008)). É importante alertar para esta problemática e, desta forma, haver uma intervenção a<br />
nível das políticas públicas para que as crianças participem mais e tenham mais mobilidade.<br />
Entre estes programas de política pública que visam uma maior participação das crianças,<br />
autonomia e mobilidade, importa referir designadamente o da UNICEF intitulado “Cidades<br />
Amigas das Crianças”, “Cidades Educadoras” e “Cidade das Crianças”, este último promovido a<br />
partir das propostas de Francesco Tonnuci (2009). No que diz respeito à perceção espacial<br />
importa referir que está presente em vários momentos do dia-a-dia, pois é com a perceção que<br />
conseguimos sair e regressar a casa, fazer atividades de lazer, conduzir (cf. Carniel et all, 2011).<br />
Esta comunicação assenta num estudo de caso no âmbito de um projeto de intervenção,<br />
a Carta da Cidadania Infanto-Juvenil (CCIJ), em que as questões da mobilidade e autonomia são<br />
perspetivadas no âmbito da cidadania visando a construção de políticas públicas. Os<br />
participantes da investigação são 19 crianças e jovens que participam no Projeto da Carta da<br />
Cidadania Infanto-Juvenil. As técnicas de recolha de dados são a análise documental e a<br />
entrevista individual às crianças e jovens.<br />
As principais conclusões obtidas são que estas crianças e jovens apresentam uma<br />
mobilidade e autonomia reduzida o que revela que é necessária uma intervenção a nível das<br />
políticas públicas.<br />
A maioria das crianças entrevistadas não conhecem muito bem a cidade onde vive, não<br />
se sabe orientar pelas ruas, nem se desloca a serviços, como por exemplo, biblioteca, piscina.<br />
Palavras-chave: Mobilidade, autonomia, as crianças e a cidade, perceção espacial;<br />
As crianças e a cidade: mobilidade, autonomia e perceção espacial<br />
A melhor forma de começar a abordar o tema é centrar apenas numa palavra que aqui<br />
assume um carácter muito relevante - a mobilidade. Se recorrermos a um simples dicionário, vemos<br />
que esta palavra significa a capacidade de mudar, o ato de movimentar-se, por isso, para mudar<br />
temos que agir e tomar decisões e para nos movermos tem que ser em algum lugar e ter<br />
oportunidades para isso. Segundo a autora Carla Lopes (2011) “A mobilidade refere-se à<br />
capacidade de livre deslocação, a sociabilização alargada a outros espaços, a outros meios, culturas<br />
e pessoas fora da proximidade da habitação” (p.9).<br />
A autonomia segundo Reichert & Wagner (2007) “é a capacidade do sujeito decidir e agir<br />
por si próprio, com o pressuposto de que o desenvolvimento e a aquisição desta habilidade sofrem<br />
a influência do contexto em que o jovem se desenvolve” (p.49), por isso podemos ver que a falta de<br />
mobilidade num contexto vai levar por sua vez a não se conseguir autonomizar da melhor forma. A<br />
autonomia das crianças está muito ligada aos pais, pois são eles que decidem aquilo que eles<br />
fazem, onde vão. Como refere Maria João Malho e Carlos Neto (2004) as experiências que as<br />
crianças têm dependem muito dos seus contextos de vida, da vida doméstica e devido às notícias<br />
que se ouvem, por medo, cada vez mais os pais protegem as crianças. Além disso, as rotinas nas<br />
cidades são cada vez mais uma correria o que impossibilita também a autonomia e a mobilidade<br />
das crianças.<br />
No que se refere à cidade Christensen et all (2011) referem que a sua própria estrutura<br />
mudou, antigamente a cidade não era tão movimentada, não tinha tantos edifícios e era um espaço<br />
de socialização e brincadeira. A sua própria estrutura mudou devido ao fluxo migratório e ao<br />
desenvolvimento industrial, como referem Krebs et all (2011). Com esta mudança houve um<br />
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