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O lugar do brincar na pré-escola: um estudo exploratório<br />

Carla Cilene Baptista da Silva<br />

Universidade Federal de São Paulo, Brasil<br />

carlaci@gmail.com<br />

Mariana Pereira Simonato<br />

Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva/INCA, Brasil<br />

marianasimonato@hotmail.com<br />

Andrea Perosa Saigh Jurdi<br />

Universidade Federal de São Paulo, Brasil<br />

andreajurdi@gmail.com<br />

Resumo<br />

O brincar é a principal atividade que a criança exerce durante a infância. Com a entrada cada<br />

vez mais cedo da criança na escola é essencial investigar o lugar do brincar nesta instituição.<br />

O presente estudo tem caráter exploratório e de abordagem qualitativa. Os objetivos foram<br />

identificar a concepção do brincar de educadores de pré-escola e caracterizar o lugar que o<br />

brincar ocupa em escolas de educação infantil, como atividade com potencial para promover<br />

práticas educativas e de apropriação da cultura. Para isto, foram realizadas entrevistas com<br />

11 educadoras de 4 escolas públicas que atendem crianças dos dois aos cinco anos, num<br />

município de médio porte do estado de São Paulo, Brasil, e observações participativas nos<br />

horários de parque. Os dados das entrevistas foram agrupados por semelhança nos<br />

seguintes núcleos temáticos: lugar para brincar, ferramenta pedagógica e concepções do<br />

brincar. Os resultados mostraram que a maioria das educadoras concebe o brincar como<br />

uma atividade natural e espontânea da criança e que poucos o consideram uma atividade<br />

influenciada pelo contexto sociocultural. Também foi possível identificar que os educadores<br />

valorizam mais o jogo pedagógico, como uma ferramenta para alcançar objetivos didáticos,<br />

em detrimento do brincar livre da criança, que fica restrito ao horário do parque. As<br />

observações dos horários de parque permitiram apontar que há grande interferência dos<br />

educadores nas brincadeiras no sentido de disciplinar e reforçar a importância das regras<br />

sociais. Porém, quase não há momentos de interação criança-educador no sentido de<br />

incentivar a liberdade de expressão e de imaginação. Entende-se que a escola tem papel<br />

fundamental na vida da criança, principalmente no período pré-escolar quando as crianças<br />

são apresentadas às regras sociais, a novos conhecimentos, relações e experiências.<br />

Portanto, é fundamental que o brincar, numa perspectiva sociocultural, esteja presente entre<br />

os educadores, enquanto atividade que possibilita que a criança esteja em contato com a<br />

cultura e situações sociais, aja sobre a realidade, transformando e sendo transformada por<br />

ela.<br />

Palavras-chave: brincar, desenvolvimento infantil, educação pré-escolar.<br />

Brincar: perspectiva sócio cultural<br />

O brincar é um tema amplamente discutido pela literatura em diversas áreas de<br />

conhecimento e várias definições foram formuladas, porém não há unanimidade entre os<br />

estudiosos no assunto. Segundo Ferland (2006), o brincar é um fenômeno complexo, difícil de<br />

compreender e conceituar.<br />

Brougère (2008) afirma que algumas concepções falham ao não considerar a dimensão<br />

social do jogo, a qual não se pode descartar, assim como outros comportamentos da atividade<br />

humana. Segundo o autor, “brincar não é uma dimensão interna do indivíduo, mas uma atividade<br />

dotada de uma significação social precisa que, como outras, necessita de aprendizagem” (p.20).<br />

Afirma ainda que o que caracteriza o jogo é menos o seu objetivo, mas sim, o modo como se<br />

brinca, o estado de espírito de quem brinca.<br />

Na concepção sócio-histórica de educação, o brincar é visto como atividade<br />

fundamental, uma vez que representa um espaço privilegiado de interação infantil e de<br />

constituição do sujeito-criança como sujeito humano, produto e produtor de história e de cultura<br />

(BOIKO e ZAMBERLAN, 2001).<br />

As bases dessa afirmação estão nas concepções de Vigotski (1998) que correlacionam<br />

o materialismo histórico de Marx e Engels com as questões psicológicas concretas, nas quais a<br />

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