23.01.2017 Views

livro_atas

livro_atas

livro_atas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Em suas análises Sarmento (2007) coloca que esta invisibilidade cívica resulta da concepção<br />

clássica de cidadania que acaba por recusar o estatuto político às crianças. Em uma tradição liberal,<br />

a cidadania pressupõe que o individuo tenha direitos, obrigações e deveres perante a comunidade,<br />

sendo a cidadania tradicionalmente classificada como: cidadania civil (direitos de liberdade<br />

individual), cidadania política (direito de eleger e ser eleito) e cidadania social (acesso a bens sociais<br />

básicos).<br />

Como ainda há uma inexistência de um consenso social sobre uma cidadania da infância levando<br />

em conta as classificações citadas anteriormente, acaba ocasionando uma não legitimação da<br />

criança enquanto sujeito que possui, principalmente, a cidadania civil e a cidadania política<br />

(SARMENTO, 2007).<br />

Uma leitura sobre a cidade<br />

Uma leitura sobre a cidade precisa considerar os variados aspectos que influenciam no cotidiano da<br />

vida humana, na sua gama de complexidade. Concordamos com Carlos (2007) ao considerar que<br />

a cidade é produto da indissociabilidade entre espaço e sociedade. Devido ao caráter dinâmico do<br />

espaço urbano, o homem constantemente transforma-o em virtude de atender as suas<br />

necessidades pessoais ou por conta das transformações econômicas e/ou sociais que ocorrem em<br />

determinado contexto histórico.<br />

Nesta perspectiva, Carlos (2007) sinaliza que na análise da cidade é necessário considerar três<br />

planos: o econômico, o político e o social, os quais revelam a constituição do espaço urbano. A<br />

autora afirma que: “[...] a cidade pode ser entendida, dialeticamente, enquanto produto, condição e<br />

meio para a reprodução das relações sociais – relações produtoras da vida humana, no sentido<br />

amplo de reprodução da sociedade” (CARLOS, 2007: 21).<br />

Assim, com o entendimento da organização da cidade podemos analisar como ocorre a reprodução<br />

social, como a sociedade está organizada para materializar as suas práticas no espaço.<br />

Sendo a cidade um produto da sociedade em virtude das diferenças existentes entre os diversos<br />

grupos humanos ocorre a produção de espaços qualitativamente distintos. Em suas análises sobre<br />

o urbano, Müller e Nunes (2014) afirmam que é justamente a vivência na cidade que promove a<br />

relação entre os diferentes grupos humanos, pois a proximidade física entre estes diferentes<br />

espaços construídos permite uma interação, um contato direto de um determinado grupo com o<br />

outro.<br />

Como resultado deste contato entre os diferentes grupos humanos, Müller & Nunes (2014: 666)<br />

afirmam que: “[...] a cidade suscita aprendizagens tanto individuais, únicas, mas também<br />

compartilhadas na experiência urbana”, possibilitando aos indivíduos que nela vivenciam<br />

possibilidades diferenciadas de apropriação dos espaços urbanos.<br />

O conceito paisagem<br />

Para a compreensão do espaço urbano recorremos a um dos conceitos estuturadores da Geografia,<br />

a paisagem. Por meio do estudo da paisagem é possível compreendermos os elementos que<br />

configuram determinada porção do espaço e analisar a sua funcionalidade.<br />

Sendo a paisagem considerada a unidade do visível, o que podemos enxergar (SANTOS, 1988),<br />

identificar os seus elementos torna-se essencial em uma análise sobre a constituição das formas<br />

existentes, possibilitando um entendimento dos espaços tomados para estudo.<br />

Para Corrêa (2010: 10): “a paisagem, contudo não é apenas forma material resultante da ação<br />

humana transformando a natureza. É também forma simbólica impregnada de valores”. Assim,<br />

podemos considerar que a paisagem possibilita a leitura do espaço geográfico.<br />

Cosgrove (2004: 98) afirma que: “a paisagem, de fato, é uma ‘maneira de ver’, uma maneira de<br />

compor e harmonizar o mundo externo em uma ‘cena’, em uma unidade visual”. Assim, pode-se<br />

dizer que o olhar que se tem da paisagem, ao identificar os elementos sociais e naturais que a<br />

constituem está ligado ao que o observador consegue apreender das relações existentes.<br />

Para Cosgrove (2004) o conceito paisagem é valioso para a Ciência Geográfica, por meio do seu<br />

estudo podemos perceber que a Geografia está em toda parte e que constitui a nossa vida, havendo<br />

uma diversidade de paisagens existentes.<br />

Além de existir uma diversidade de paisagens, também temos que considerar que as paisagens<br />

sofrem transformações ao longo do tempo. Em relação as modificações que ocorrem na paisagem<br />

Santos (1988: 73) afirma que: “a paisagem precede a história que será escrita sobre ela ou se<br />

modifica para acolher uma nova atualidade, uma inovação.” Sobre as transformações que ocorrem<br />

na paisagem Santos (2006: 104) acrescenta:<br />

59

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!