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saúde e crianças indígenas. Também existem projetos de promoção da literatura em praça pública<br />
que atendem crianças e infâncias diversas. O PCA teve sua origem em 1992 e possui uma influência<br />
expressiva na defesa desta população na cidade e no país. Os fundamentados do PCA são da<br />
Educação Social e são descritos nas produções de Muller e Morelli (2002) e Mager, Muller, Silvestre<br />
e Morelli (2011).<br />
A Educação Social é uma área recente no Brasil e tem como premissa básica promover o acesso<br />
dos direitos e a conquista da cidadania par todas as pessoas. Por princípio, a Educação Social está<br />
voltada para atender a todos, independente de classe social. Entretanto, no Brasil, as classes<br />
populares, em sua maioria, são pessoas que têm a maioria dos seus direitos violados. Nesse<br />
sentido, são necessárias ações para reparação e promoção dos direitos humanos para esses<br />
grupos considerados vulneráveis.<br />
Para Natali, Souza e Muller (2013:p.1) a Educação Social é “uma ação educativa que se dedica a<br />
trabalhar na fronteira entre o que a lógica social e econômica atual produz em termos de<br />
inclusão/exclusão social e busca modificar este panorama segregado entre os sujeitos afetados”.<br />
Desta maneira, os projetos de extensão dedicados às classes populares buscam promover ações<br />
de empoderamento e protagonismo social para pessoas que precisam modificar suas condições de<br />
vida. Nessa perspectiva é que este Projeto se dedica a desenvolver ações sociais construídas de<br />
forma coletiva com as classes populares na busca de construções teóricas da Educação Social no<br />
Brasil. A Educação em Saúde é um referencial teórico que complementa as referências da<br />
Educação Social. Para Gazzinelli Et. al. (2005) não é possível pensar na Educação em Saúde em<br />
uma perspectiva determinista e linear. Na Educação em Saúde:<br />
Ressalta-se a formação de uma rede de solidariedade entre educadores e educandos,na qual<br />
busca-se o compartilhamento e o desenvolvimento de potencialidades na tentativa de<br />
ultrapassar limites e dificuldades, outorgando autonomia dos sujeitos envolvidos. (Gazzinelli<br />
Et. al., 2005:p 204)<br />
As práticas realizadas no Projeto de Extensão são regidas por esses princípios e por ações<br />
educativas que envolvem o respeito, o compromisso, a inclusão, a participação e o diálogo.<br />
Elementos fundantes do PCA e descritos por Muller e Rodrigues ( 2002).<br />
Dentre as estratégias metodológicas que estão presentes nos Projetos de Extensão existem as<br />
Rodas de Conversa baseadas na Educação Popular de Freire (1967). No projeto do Hemocentro, a<br />
maioria das crianças que o frequentam são pequenas e estão na faixa etária de 3 a 12 anos. As<br />
Rodas de Conversa iniciais são Rodas de Brincadeiras de apresentação nas quais os estudantes<br />
se apresentam, assim como as crianças e seus familiares.<br />
A metodologia das ações deste Projeto consiste em brincadeiras de apresentação, brincadeiras<br />
intermediárias, contação de histórias e para o encerramento são realizadas atividades artísticas. É<br />
preciso considerar que as brincadeiras são construídas em conjunto com as crianças. Existe um<br />
planejamento prévio das atividades nas reuniões de formação dos estudantes. Nessas reuniões as<br />
brincadeiras são elaboradas para diferentes faixas etárias. Entretanto, as execuções dessas<br />
brincadeiras dependem do número de crianças, das suas condições físicas e das idades.<br />
O Projeto acontece todas as segundas e quartas-feiras no período da tarde no Hemocentro.<br />
Quinzenalmente são realizadas discussões de planejamento e formação dos estudantes. Após as<br />
intervenções, são realizados registros das atividades e socializados em um grupo fechado (um<br />
grupo deste projeto nas redes sociais). Esses registros são os nossos diários de campo.<br />
Antes de iniciarmos o Projeto tínhamos muito receio das atividades e brincadeiras a serem<br />
realizadas, principalmente em relação aos cuidados que deveriamos ter com as crianças. A<br />
integração dos estudantes de Educação Física com as estudantes de Pedagogia e os estudantes<br />
de Artes Cênicas e Pós-Graduação foi fundamental. Os estudantes de Educação Física preferem<br />
brincadeiras corporais e as estudantes de Pedagogia, atividades de Literatura Infantil e de Artes. No<br />
Projeto não existe divisão social de brincadeiras e atividades. Todos brincam de tudo.<br />
Nas intervenções dos estudantes, na chegada no Hemocentro, eles propõem atividades para as<br />
crianças que brincam e também complementam com brincadeiras que trazem das suas<br />
experiências. Mesmo pequenas, elas sempre colaboram com brincadeiras de suas cidades e dizem<br />
sobre o que querem brincar. Na perspetiva da Sociologia da Infância, de acordo com Sarmento<br />
(2016) é preciso compreender os desejos das crianças:<br />
Conhecer as nossas crianças é decisivo para a revelação da sociedade, como um todo, nas<br />
suas contradições e complexidade. Mas é também condição necessária para a construção<br />
de Políticas integradas para a infância, capazes de reforçar e garantir os direitos das crianças<br />
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