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A partir dos estudos desses tipos de arranjos foi constatado que as crianças tinham tendência a<br />

permanecer mais próximas a figura de referência (professor) nos arranjos espaciais aberto. No<br />

arranjo visivelmente aberto as crianças permaneciam nas zonas circunscritas e interagiam mais.<br />

Campos-de-Carvalho (2011) assevera,<br />

Neste tipo de arranjo, as crianças ocupam preferencialmente as zonas circunscritas, nas<br />

quais cabem com conforto cerca de seis crianças, ocorrendo frequentes interações positivas<br />

entre elas; suas aproximações do adulto, embora menos frequentes, tendem a evocar mais<br />

respostas deste em comparação com os outros dois tipos de arranjo espaciais. (Campos-de-<br />

Carvalho, 2011: 73).<br />

Compreendemos que as interações são importantes para a aprendizagem das crianças, a<br />

medida que consideramos as crianças como seres competentes, ativos, produtores de cultura.<br />

Compartilhamos da concepção de infância defendida por pesquisadores da Sociologia da<br />

Infância, “A infância é uma categoria social, do tipo geracional, e um grupo social de sujeitos<br />

activos, que interpretam e agem no mundo.” (Sarmento, 2007: 10). Nesta perspectiva,<br />

acreditamos que as crianças fazem parte de uma categoria social diferente, que possuem<br />

características biológicas e psicológicas distintas dos adolescentes, dos adultos e dos idosos,<br />

também ponderamos que elas estão inseridas em um contexto histórico, social, cultural e<br />

econômico, mas não são passivas, influenciam e são influenciadas por esse cenário.<br />

Conforme Delgado e Muller (2005), precisamos romper com a visão da criança como ser<br />

inacabado e em formação, a medida que o adulto também é um ser em constante formação e<br />

alteração.<br />

Neste sentido, declaramos que as crianças são seres competentes para a pesquisa. O direito de<br />

participação foi garantido a elas pela Convenção dos Direitos da Criança de 1989. Para Campos<br />

(2008), as crianças participam da pesquisa há algum tempo, principalmente nas áreas da<br />

educação e da saúde, porém como objeto de pesquisa, não como participante da pesquisa. A<br />

tendência de dar voz a criança é nova. Lee (2010) esclarece que há resistência na participação<br />

das crianças nas pesquisas porque os adultos julgam-se superiores, capazes de observar e<br />

atender as necessidades infantis, porém isso não é completamente verdade.<br />

As crianças são capazes de indicar suas necessidades, fazendo com que as pesquisas que<br />

visam melhorar a qualidade de vida humana se desenvolvam, porém para que isso aconteça de<br />

maneira satisfatória é necessário que os pesquisadores adaptem os instrumentos de recolha de<br />

dados as características infantis. Neste sentido, Martins Filho e Barbosa (2010) advogam,<br />

Destacamos a importância de construirmos mecanismos e estratégias metodológicas que<br />

nos aproximem das crianças pequenas, elaborando recursos férteis e procedimentos de<br />

interlocução entre as duas lógicas geracionais – dos adultos e das crianças – as quais são<br />

muito diferentes entre si, mas que estão entrelaçadas pela cultura e a produção da própria<br />

história. (Martins Filho & Barbosa, 2010: 12)<br />

Além da adaptação das técnicas de recolha de dados, ao pesquisar com crianças faz-se<br />

necessário ter ética. Como no Brasil esse tipo de investigação é recente, ainda não foram<br />

totalmente definidos os parâmetros éticos, porém autores como Alderson (2005), Carvalho e<br />

Muller (2010) e Kramer (2002) apontam alguns caminhos.<br />

Para esses autores o respeito mútuo entre a criança e o pesquisador é imprescíndivel. Respeitar<br />

inclui por parte do pesquisador a escuta atenciosa, sem infantilização. Corsaro (2011), ao realizar<br />

pesquisa etnográfica com as crianças, assevera a necessidade de que as crianças aceitem o<br />

pesquisador no grupo, que se estabeleça uma relação horizontal, que não o vejam como uma<br />

autoridade.<br />

Além disso, a maioria dos autores que discursam sobre pesquisa com crianças assegura a<br />

necessidade do consentimento da criança para participar da pesquisa, mesmo que legalmente<br />

a decisão seja dos responsáveis.<br />

Portanto, na intenção de compreender quais as expectativas e desejos das crianças em relação<br />

ao espaço educacional que esta pesquisa se insere e se beneficia da metodologia de pesquisa<br />

com crianças, respeitando-as como sujeitos competentes da investigação e adaptando os<br />

instrumentos de recolha de dados para melhor compreendê-las.<br />

Metodologia<br />

Essa investigação se enquadra nas características da pesquisa qualitativa. De acordo com<br />

Chizzotti (2003: 221),<br />

O termo qualitativo implica uma partilha densa com pessoas, fatos e locais que constituem<br />

objetos de pesquisa, para extrair desse convívio os significados visíveis e latentes que<br />

somente são perceptíveis a uma atenção sensível e, após este tirocínio, o autor interpreta e<br />

traduz em um texto, zelosamente escrito, com perspicácia e competência científicas, os<br />

significados patentes ou ocultos do seu objeto de pesquisa.<br />

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