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Enquadramento Social<br />

O Projeto intitulado “O Tempo das Crianças …silêncios vividos e ruídos sentidos”, foi<br />

desenvolvido na Cidade do Porto, especificamente na freguesia da Vitória. Embora a EB1 esteja<br />

localizada no centro histórico da cidade, a maioria das crianças participantes residia nos<br />

arredores.<br />

Segundo o diagnóstico social do Município a dinâmica urbana da Cidade é sustentada sobretudo<br />

por pessoas não-residentes, porque, apesar de ser atrativa ao nível do emprego, da educação,<br />

da saúde, da cultura e do acesso a serviços da administração pública, a cidade tem perdido a<br />

sua função residencial, especialmente da população mais jovem e da população imigrante.<br />

Embora o número de estudantes que frequentam o Ensino Superior seja bastante elevado, as<br />

condições de acesso à habitação forçam muitos jovens a escolher residência noutros concelhos.<br />

Os autores deste documento referem que a crise financeira, económica e social, trouxe<br />

mudanças inesperadas e constantes, com reflexos evidentes nas condições de emprego,<br />

agravando desde 2009; o aumento dos riscos de pobreza e exclusão social devido à privação de<br />

condições materiais passou a afetar também um grande número dos que trabalham e os que<br />

beneficiam de transferências sociais (pensão social, RSI). É entre esta população, mais exposta<br />

ao risco social, que continua a haver níveis de escolaridade muito baixos. Os problemas como o<br />

insucesso e o abandono escolar precoce continuam no topo das preocupações sociais da Cidade<br />

(cf. Azevedo, 2014).<br />

A EB1 Carlos Alberto é uma escola pública situada no centro da zona histórica do Porto, na<br />

Praça de Carlos Alberto, uma pequena área geográfica rica em património arquitetónico e<br />

cultural; trata-se de uma zona tipicamente urbana que é densamente povoada apenas durante o<br />

dia, sendo ocupada à noite pela população estudantil que frequenta os bares; há turistas nas<br />

ruas durante todo o ano. A proximidade do Hospital St.º António e da Ordem do Carmo é uma<br />

mais-valia para a população da Freguesia quer a nível de serviços, quer do emprego; muitos<br />

pais e encarregados de educação deslocam-se dos locais onde vivem para trazerem os filhos à<br />

Escola, uma vez que trabalham nas imediações. O nível socioeconómico e cultural da população<br />

residente é bastante baixo; a maioria dos pais dos alunos tem como habilitações literárias o 4º<br />

ano de escolaridade. A população partilha os problemas sociourbanísticos resultantes da<br />

degradação do habitat, de carências económicas geradoras de fragilidades sociais e situações<br />

de exclusão.<br />

A EB1 pertence ao Agrupamento de Escolas de Miragaia, considerado TEIP, Território Educativo<br />

de Intervenção Prioritária, ao abrigo do qual são desenvolvidas atividades de combate ao<br />

insucesso e abandono escolar, tendo em conta as características locais.<br />

A Escola funciona em regime normal, num prédio urbano adaptado, com rés-do-chão, três<br />

andares e um sótão.<br />

O desenvolvimento do projeto contou com a colaboração da Professora Titular de Turma, dos<br />

professores das AEC’s e dos Encarregados de Educação/Pais que foram fundamentais,<br />

nomeadamente na disponibilização de tempos e espaços, troca de impressões acerca das<br />

dinâmicas e outras questões emergentes no decorrer da investigação.<br />

Metodologia ou passos de um caminho feito a caminhar<br />

Concretizada esta breve caraterização da Escola e do seu contexto de inserção, apresentaremos<br />

o percurso que foi construído com um pequeno grupo de onze crianças, apropriando-nos do<br />

sótão da escola como laboratório de investigação, onde constituímos um “investigador coletivo<br />

participante”, que através da criação e ensaio de dispositivos de escuta, do registo e do debate<br />

aprofundado sobre a divisão e ocupação do seu tempo, alargou o campo da sua investigação<br />

aos seus pares e abriu o diálogo entre a escola, a família e outras instâncias que decidem e/ou<br />

ocupam o seu tempo, subestruturado pelos afazeres dos adultos.<br />

Este processo assumiu como referência metodológica os princípios da investigação-ação<br />

participativa, na realização de dezoito encontros nos quais mobilizámos diversas técnicas<br />

participativas para criar uma base de conversa com o grupo, segundo os seus interesses e<br />

disponibilidade de compromisso, no estudo dos muitos usos do seu tempo. Na prática de escuta<br />

e nas conversas aprofundadas com as crianças, procurámos manter a atitude e a produção de<br />

notas de campo, de observação participante. O processo foi acompanhado da leitura, seleção e<br />

análise de documentos oficiais e de trabalho corrente para situar e compreender o lugar que<br />

cada uma e o grupo ocupavam na escola, na família e na comunidade.<br />

O nosso objetivo era identificar os segmentos do tempo semanal destas crianças, destinados ao<br />

trabalho, ao descanso e ao lazer, na escola, nas AEc’s, no ATL e em casa, para posteriormente<br />

compreender como este tempo “seu” era percecionado, definido e apropriado por elas, individual<br />

e coletivamente, como oportunidade ou como constrangimento à satisfação das suas<br />

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