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ação humana e o uso de instrumentos é o meio pelo qual o homem transforma a natureza e, ao<br />
fazê-lo, transforma a si mesmo.<br />
Nessa perspectiva, é na relação com o outro e com o meio sociocultural que o sujeito se<br />
desenvolve e aprende, e na infância temos como objeto principal o brincar, atividade fundamental<br />
que a criança exerce. A criança ao frequentar a escola estabelece relações com os sujeitos que<br />
ali estão, suas ações e interações são fundamentais para o seu desenvolvimento e irão contribuir<br />
para sua formação como sujeito.<br />
O brincar na educação infantil<br />
Queiroz, Maciel e Branco (2006) destacam que a brincadeira está presente no<br />
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil de 1998, como um de seus princípios<br />
norteadores, que a define como um direito da criança para desenvolver seu pensamento e<br />
capacidade de expressão, além de situá-la em sua cultura.<br />
Em consonância com este documento, as Diretrizes Curriculares para a Educação<br />
Infantil (BRASIL, 2010) orientam sobre a organização do Projeto Político Pedagógico das<br />
instituições de Educação Infantil. Este documento estabelece como os dois grandes eixos<br />
norteadores da prática pedagógica que compõem a proposta curricular: as interações e a<br />
brincadeira.<br />
Porém, parece que a utilização do brincar na educação é ambígua. Segundo Kishimoto<br />
(2001), o brincar na educação infantil tem duas significações: uma, utilizada por educadores que<br />
valorizam a socialização, que é o brincar livre; e outra, utilizada por educadores que visam a<br />
escolarização ou aquisição de conteúdos escolares, que é o brincar dirigido ou o jogo<br />
pedagógico.<br />
Carvalho, Alves e Gomes (2005) corroboram com tal afirmação ao analisar as relações<br />
existentes entre o contexto das instituições educativas e o brincar de seus educandos. Estes<br />
autores encontraram que o brincar era privilegiado pelos professores entrevistados atrelado a<br />
um objetivo e o brincar livre ficava restrito aos horários do recreio e da chegada dos educandos.<br />
Como consequência, o brincar como expressão de fantasia, representações, de imaginação,<br />
criatividade, socialização, vai perdendo cada vez mais espaço dentro das instituições de ensino.<br />
Silva (2003), ao buscar compreender o lugar do brincar na educação especial, parte do<br />
pressuposto que toda atividade lúdica pode ser educativa, entretanto, propõe as seguintes<br />
definições para diferenciar o brincar livre da criança do jogo pedagógico, mais comum entre os<br />
professores. Brincadeira é toda ação lúdica iniciada e mantida pela criança. Jogo pedagógico ou<br />
didático é uma ação proposta pelo adulto, destinada ao desenvolvimento de habilidades<br />
cognitivas e à aquisição de conteúdos específicos.<br />
Acredita-se que no ambiente escolar o brincar livre tenha pouco espaço e acontece em<br />
horários pré-determinados, sendo usado, na maioria das vezes, como recompensa e está<br />
presente no cotidiano escolar nos horários de recreio. Já o jogo pedagógico parece ser mais<br />
utilizado pelos educadores como estratégia de ensino.<br />
Desse modo, o presente estudo teve por objetivo identificar a concepção do brincar de<br />
educadores de pré-escola e caracterizar o lugar que o brincar ocupa em escolas de educação<br />
infantil, como atividade com potencial para promover práticas educativas e de apropriação da<br />
cultura.<br />
Método<br />
Este estudo de caráter exploratório utilizou o procedimento de pesquisa de campo com<br />
abordagem qualitativa dos dados obtidos. O mesmo foi aprovado pela Secretaria Municipal de<br />
Educação da cidade onde foi realizado, e pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade<br />
Federal de São Paulo.<br />
Segundo Minayo (2003), esta é a abordagem que melhor se aplica à investigação de<br />
grupos e segmentos delimitados e focalizados, de histórias sociais sob a ótica dos atores, das<br />
relações e para análises de discursos e documentos. Também é a mais adequada para<br />
aprofundar a complexidade de fenômenos, fatos e processos particulares e específicos de<br />
grupos mais ou menos delimitados em extensão e capazes de serem abrangidos intensamente,<br />
sendo sua competência o mundo da experiência vivida, pois é nele que a crença individual, a<br />
ação e a cultura se entrelaçam.<br />
Os participantes foram 11 educadoras de educação infantil de quatro escolas municipais<br />
de uma cidade de médio porte do litoral do estado de São Paulo, Brasil, que trabalham com<br />
crianças de 3 a 5 anos de idade.<br />
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