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Consideramos a escola um desses “espaços para crianças”.<br />

É relevante que as instituições de Educação Infantil, enquanto espaço urbano para as crianças<br />

de educação formal, disponibilizem espaços e tempos para que as crianças possam brincar,<br />

socializar e aprender, de maneira diferenciada do que é oferecido em suas residências. Para<br />

isso, é preciso que a infraestrutura e a organização do espaço escolar atendam as necessidades<br />

infantis.<br />

Estudamos autores das áreas de Educação, Arquitetura e Urbanismo, Geografia e Psicologia<br />

Ambiental, a fim de compreender como as crianças e os profissionais da educação<br />

compreendem o espaço educacional e se vislumbram mudanças para ele. Entre os autores que<br />

fundamentaram teoriamente nossa pesquisa estão: Barbosa e Horn (2001); Blanc e Lesann<br />

(2012); Blower (2008); Buffa e Pinto (2002); Campos-de-Carvalho e Meneghini (1998); Carvalho<br />

e Rubiano (2000); Ceppi e Zini (2013); Edwards, Gandini e Forman (1999); Forneiro (1998);<br />

Frago e Escolano (1998); Jaume (2004); Kramer (2009); Horn (2004); Meneguini e Campos-de-<br />

Carvalho (2003); Tuan (2012, 2013) e Zabalza (1998).<br />

Para Frago e Escolano (1998) o espaço é um elemento do currículo oculto, a medida que<br />

interfere no desenvolvimento do aluno, mesmo que os sujeitos envolvidos não estejam<br />

conscientes. Nesta perspectiva os autores afirmam “Os espaços educativos, como lugares que<br />

abrigam a liturgia acadêmica, estão dotados de significados e transmitem uma importante<br />

quantidade de estímulos, conteúdos e valores do chamado currículo oculto, ao mesmo tempo<br />

que impõem suas leis como organizações disciplinares.” (Frago & Escolano, 1998: 27)<br />

Forneiro (1998) afirma que o espaço é um elemento curricular, a medida que tem componentes<br />

que carregam em si o potencial para o ensino-aprendizagem. Em relação ao interior da sala de<br />

aula, a autora cita três elementos que compõem os aspectos físicos do espaço: os mobiliários,<br />

os materiais e a decoração. A maneira como esses aspectos são organizados pode favorecer ou<br />

dificultar o desenvolvimento das atividades propostas e das crianças.<br />

A organização do espaço escolar beneficia o desenvolvimento infantil principalmente<br />

favorecendo a autonomia das crianças, conforme Forneiro (1998) e Jaume (2004) e aumentando<br />

a interação entre elas, segundo Campos-de-Carvalho (2011).<br />

Os Paramêtros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil (2006) é um<br />

documento oficial, de carácter não-mandatório, que tem como objetivo orientar a construção de<br />

escolas novas e a reforma de escolas ocupadas. Traz em seu conteúdo apontamentos sobre a<br />

organização do espaço escolar e valoriza o favorecimento da autonomia infantil. O documento<br />

considera que:<br />

A adaptação do mobiliário, dos equipamentos e do próprio espaço à escala da criança<br />

permite uma maior autonomia e independência, favorecendo o processo de desenvolvimento<br />

a partir de sua interação com o meio físico. Estantes acessíveis, com diversidade de materiais<br />

educativos disponíveis, bem como cadeiras e mesas leves que possibilitem o deslocamento<br />

pela própria criança, tornam o ambiente mais interativo e coerente à idéia de construção do<br />

conhecimento a partir da ação e da intervenção no meio. (Brasil, 2006: 28).<br />

Ao mencionar os painéis de exposição de atividades infantis, importantes para a personalisação<br />

e apropriação do espaço pelas crianças, o documento confirma a relevância do favorecimento<br />

da autonomia infantil, e advoga: “Prever quadros e painéis colocados à altura das crianças (um<br />

metro e meio do chão) permite que estas tenham autonomia para pregar seus trabalhos e<br />

expressar suas idéias, personalizando o ambiente e aproximando-se deste.” (Brasil, 2006: 29).<br />

Vale ressaltar que, segundo Kuhen et.al. (2010), a personalização do espaço de trabalho pode<br />

trazer benefícios a saúde de seus usuários, favorecendo o bem-estar desses e diminuindo o<br />

estresse.<br />

Sobre a interação entre as crianças, os estudos de Campos-de-Carvalho e Meneghini (1998),<br />

Carvalho e Rubiano (2000), Meneghini e Campos-de-Carvalho (2003), e Campos-de-Carvalho<br />

(2011) demonstram que os arranjos espaciais interferem na quantidade e qualidade das<br />

interações entre as crianças.<br />

Segundo essas autoras, o arranjo espacial refere-se à maneira como os mobiliários e materiais<br />

estão posicionados. São definidos três tipos de arranjos espaciais: o arranjo espacial aberto, o<br />

arranjo espacial visualmente aberto e o arranjo espacial visualmente restrito. O arranjo espacial<br />

aberto é aquele em que os mobiliários são posicionados encostados nas paredes da sala,<br />

deixando um amplo espaço central vazio. O arranjo espacial visualmente aberto é aquele que<br />

conta com a presença de zonas circunscritas. Segundo Campos-de-Carvalho (2011: 72), as<br />

zonas circunscritas são “áreas espaciais claramente delimitadas em pelo menos três lados por<br />

barreiras formadas por mobiliários, parede, desnível do solo, etc.” Enquanto o arranjo espacial<br />

visualmente restrito é aquele em que existem barreiras (por exemplo um mobiliário alto) de forma<br />

que haja uma ruptura física, impedindo a visão da sala toda pela criança.<br />

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