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Se partirmos do princípio de que as crianças necessitam de interações para se desenvolver,<br />

é oportuno afirmar que a maneira como os móveis e objetos são dispostos na sala de referência<br />

da turma se torna fator determinante para esse desenvolvimento.<br />

Em busca de identificarmos e refletirmos sobre os processos interativos que ocorrem nas<br />

salas de referência das turmas pesquisadas, elaboramos as seguintes questões para as<br />

professoras: Em sua opinião, a maneira como os espaços da sala de aula estão organizados<br />

permite troca entre as crianças? Quais são suas atitudes, no momento em que as crianças estão<br />

utilizando os cantos?<br />

As respostas obtidas para a primeira pergunta foram as seguintes:<br />

Permite, e muita, e muita, muita troca, até questão de, eu tenho alunos muito<br />

tímidos e com os cantos, quando eles vêm de escolas que não têm, eles, no<br />

outro dia já não são mais aquela criança que eu recebi, toda receosa<br />

[...].(Entrevista, professora Júlia, Instituição A, 2014).<br />

Tem bastante troca de relação com o outro, principalmente, quando a criança,<br />

ela vem de casa, com algum probleminha, sabia? Quando a criança, a gente...<br />

percebe, na troca, quando eles tão brincando nos cantos, uma criança vem<br />

com um problema de casa, eles começam a comentar dentro do círculo onde<br />

estão brincando [...]. (Entrevista, professora Luíza, Instituição A, 2014).<br />

Permite. Eu acho que assim um pouco de dificuldade que eu sinto nessa sala,<br />

maior que na anterior que eu trabalhava, que nós temos um espaço físico um<br />

pouco limitado, eu acho que deveria ser um pouquinho maior, mas há essa<br />

troca, eu percebo que eles é, estão brincando num determinado canto, estão<br />

achando legal, vai pro amigo que está no outro canto, compartilha o que ele<br />

está brincando lá, até para tentar levar o amigo pro canto que ele está<br />

[...].(Entrevista, professora Edna, Instituição B, 2014).<br />

Permite, a minha sala, apesar de ser a maior aqui da escola, ela é um pouco<br />

apertada, né, pelo número de carteiras, então você viu que às vezes eu tenho<br />

que ficar empurrando carteira na hora do canto, porque eu quero dar mais<br />

espaço [...].(Entrevista, professora Marisa, Instituição B, 2014).<br />

É possível notar que as quatro professoras pensam que o modo como os espaços estão<br />

organizados propicia a troca entre as crianças, sendo o espaço um facilitador para interações,<br />

descobertas e desafios.<br />

Somente as professoras Edna e Marisa mencionam como aspecto dificultador o tamanho<br />

das salas. É relevante ressaltar que elas mencionam o tamanho da sala como um aspecto que<br />

dificulta, mas não impede, que as relações aconteçam.<br />

Com as observações feitas e as fotografias tiradas, nota-se que realmente os tamanhos<br />

das salas de aula não são adequados para atender à quantidade de crianças, sobretudo nas<br />

salas das crianças de 05 anos de idade, quanto ao número de mesas e cadeiras individuais<br />

existentes.<br />

A professora Luíza, mesmo tendo um espaço na sala restrito para as interações entre as<br />

crianças, devido à quantidade de mesas e cadeiras individuais, organizadas uma atrás da outra,<br />

não o vê como um fator que dificulta as interações.<br />

Desse modo, a maneira como os mobiliários (mesas e cadeiras) estão dispostos,<br />

principalmente na sala da professora Luíza, impede o encontro, o olho no olho, o toque, aspectos<br />

fundamentais para o desenvolvimento das crianças.<br />

Já a professora Marisa faz menção a uma prática recorrente, constatada pela<br />

pesquisadora, relativa a empurrar as mesas e cadeiras sempre que as crianças vão utilizar os<br />

cantos, com a intenção de garantir um maior espaço para isso.<br />

Quanto à forma de ter acesso aos espaços, foi possível verificar que as quatro<br />

professoras permitem que as crianças o façam de maneira livre, escolhendo objetos e parceiros.<br />

Algumas crianças percorrem os diversos cantos, usam vários materiais e brinquedos disponíveis<br />

e trocam de parceiros, porém, outras demonstram preferência notória sobre determinados<br />

cantos, materiais e parceiros.<br />

Nos dias em que estivemos presentes nas salas, observamos que somente as<br />

professoras Edna e Marisa, que atuam na instituição B, incentivavam as crianças que<br />

permaneciam em um único canto a escolher outro e, por vezes, “divulgavam” determinado canto<br />

que não estava sendo muito visitado.<br />

Kramer (2009) apoia essa prática, ao destacar que é necessário evitar que as crianças<br />

se fixem em certas áreas ou materiais e desistam de outras que oferecem dificuldades. A autora<br />

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