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embora menos frequentes, tendem a evocar mais resposta destes em<br />

comparação com outros arranjos. (CARVALHO; RUBIANO, 2010: p. 129).<br />

No episódio em questão, foi possível notar que as crianças não se aproximaram com<br />

muita frequência do adulto, mas, quando o faziam, a intenção era de envolvê-lo nas brincadeiras<br />

realizadas, de maneira tranquila e prazerosa.<br />

As crianças, envolvidas nas brincadeiras dos dois cantos em questão (cozinha e sala),<br />

a todo momento, interagiam entre elas e tinham uma visão facilitada da professora e das demais<br />

crianças da sala, devido à disposição e altura dos mobiliários.<br />

Em relação às observações feitas na sala da professora Edna, que atua na instituição B,<br />

o que ficou mais latente foi:<br />

O canto bastante frequentado pelos meninos dessa turma é o canto do<br />

construtor e dos carros. Eles constroem garagens, cercados para os animais,<br />

organizam as peças coloridas lado a lado. Suas construções são sempre ricas<br />

em detalhes. (Observação, sala de referência da turma, professora Edna,<br />

Instituição B, 2014).<br />

Torna-se importante salientar que três meninos que frequentaram esse canto,<br />

diariamente, efetuaram suas construções de maneira sempre cooperativa e muito tranquila,<br />

comportamento esse que diferenciou nas demais situações do cotidiano escolar.<br />

Um dos meninos, durante a realização das demais atividades propostas, revelou uma<br />

certa agitação, envolvendo-se por vezes em conflitos, além de mostrar falta de concentração,<br />

durante os momentos de leitura e assembleia. Porém, nos momentos destinados aos cantos, ele<br />

participou efetivamente, fez suas construções, compartilhou os brinquedos e interagiu com as<br />

outras crianças.<br />

Garms (2005), focalizando os conceitos de autonomia e cooperação, defende a<br />

necessidade de oportunizar ambientes e situações que favoreçam a autonomia e a cooperação.<br />

Conforme a autora, autonomia é a capacidade que a criança adquire para assumir suas<br />

iniciativas, alcançando uma independência gradativa com respeito ao adulto. E cooperação é a<br />

capacidade que a criança consegue alcançar para aceitar as estratégias de interação de<br />

solidariedade com os demais parceiros, no ambiente em que convivem.<br />

Desse modo, no episódio observado na sala de referência da turma da professora Edna,<br />

foi possível constatar que, nos momentos em que a professora permitia que as crianças fizessem<br />

as opções de espaços, materiais e parceiros, estas exibiam comportamentos cada vez mais<br />

cooperativos. Envolvidas, produziam conhecimentos e significações partilhadas, em um clima de<br />

tranquilidade e concentração.<br />

Quanto à questão: Quais são suas atitudes no momento em que as crianças estão<br />

utilizando os cantos? Obtivemos a seguinte resposta da professora Júlia:<br />

Bom, eu procuro, estar observando, até prá mim mesmo... que eu posso estar<br />

interferindo, como todos já sabem, acredito que a gente vê até o que a criança<br />

está passando em casa, refletido na brincadeira dela [...]. (Entrevista,<br />

professora Júlia, Instituição A, 2014).<br />

É possível afirmar que a observação é uma ação necessária e de fundamental<br />

importância no trabalho pedagógico, porém, necessita vir acompanhada de reflexões e possíveis<br />

intervenções, bem como de mudanças de práticas, de organizações espaciais e de disposições<br />

dos materiais.<br />

Para tanto, torna-se necessário que o professor seja um observador reflexivo, com<br />

disposição de avaliar constantemente se a organização do ambiente é coerente às intenções<br />

educativas, caso contrário, é imperioso fazer as modificações necessárias.<br />

Essa observação reflexiva contribui para a reorganização dos espaços em atendimento<br />

às necessidades das crianças, ajuda ainda nas intervenções quanto às interações entre as<br />

crianças.<br />

Oliveira (2011), quando versa sobre essa proposta de organização em cantos, explicita<br />

que cabe ao professor circular entre os grupos, oferecendo atenção mais individualizada,<br />

remodelando os cantinhos de tempos em tempos.<br />

A professora Luíza apresentou a seguinte resposta:<br />

Eu observo, aí quando surge algum conflito, a gente faz a intervenção, mas se<br />

a gente vê que a esse conflito, eles conseguem ter respostas entre eles, a<br />

gente deixa, mas se for uma coisa muito grave, a gente vem, faz a intervenção.<br />

(Entrevista, professora Luíza, Instituição B, 2014).<br />

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