livro_atas
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A fim de identificar as concepções das educadoras sobre o brincar e o lugar dessa<br />
atividade nas escolas de educação infantil, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com<br />
educadoras. Todas as entrevistas foram gravadas e após a realização de todas, foi dado início<br />
ao processo de transcrição das mesmas, sendo que, todas elas foram transcritas na íntegra para<br />
possibilitar o tratamento e a análise qualitativa dos dados obtidos.<br />
As respostas dadas, de acordo com o roteiro de entrevista, foram descritas<br />
separadamente. Posteriormente, foram agrupadas de acordo com as semelhanças em núcleos<br />
temáticos. Por fim, as respostas obtidas foram relacionadas com a teoria encontrada no<br />
levantamento bibliográfico deste estudo, a fim de se estabelecer comparações com dados<br />
encontrados e proporcionar reflexões sobre o uso do brincar na educação infantil.<br />
Para auxiliar na compreensão da rotina escolar e sobre o lugar do brincar no cotidiano<br />
escolar, também foram realizadas observações no horário do recreio nas escolas que<br />
compuseram a amostra. Para registrar os dados observados foi redigido um diário de campo<br />
logo após cada observação que, posteriormente, foi usado como material complementar de<br />
análise.<br />
A observação é obtida através do contato direto do pesquisador com o fenômeno a ser<br />
observado e recolhe as ações dos atores em seu contexto natural (CHIAZZOTTI, 2010), também<br />
é um recurso que permite captar uma variedade de situações que não podem ser obtidas por<br />
meio de perguntas.<br />
Neto (1994) destaca o diário de campo como uma forma de registro de dados em que se<br />
pode descrever percepções, angústias, questionamentos e informações que não são obtidas<br />
pela utilização de outras técnicas. Ainda ressalta que esse “amigo silencioso” não pode ser<br />
subestimado quanto à sua importância.<br />
Resultados e Discussão<br />
A maioria dos educadores (cerca de 70%) é formada em Pedagogia, sendo que mais de<br />
metade possui pós-graduação. A média de tempo de atuação das professoras na educação<br />
infantil, no momento da coleta de dados da pesquisa, foi de 7,1 anos.<br />
A seguir serão apresentados e discutidos os resultados das entrevistas que foram<br />
agrupados por semelhança em núcleos temáticos. São eles: lugar para brincar, ferramenta<br />
pedagógica e concepções do brincar.<br />
Lugar para Brincar<br />
Este núcleo temático discutirá sobre o lugar que o brincar ocupa nas escolas de<br />
educação infantil. Para isso, além das entrevistas com os educadores, serão utilizados trechos<br />
dos diários de campo para melhor compreender a questão.<br />
Ao serem questionados sobre quando as crianças brincam na escola, os educadores<br />
tiveram duas diferentes respostas, uma que relacionava o brincar aos horários pré-estabelecidos<br />
pela instituição e outra que relata o brincar como uma constante na escola, ligado aos jogos<br />
pedagógicos que o professor proporciona na sala de aula para transmissão de conteúdos.<br />
A fala de uma das educadoras exemplifica que o brincar tem seu espaço préestabelecido<br />
na instituição:<br />
Porque como tem o parquinho, tem o tanque de areia, tem a casa da boneca,<br />
tudo isso aí eles têm horário para ir, então eles têm aquele tempo já<br />
determinado, e não ficam sem o brincar. (E2).<br />
Segundo Wajskop (2009), é fundamental que a escola de educação infantil garanta o<br />
espaço da brincadeira, porque isto é a garantia de uma possibilidade de educação da criança<br />
em uma perspectiva criadora, voluntária e consciente.<br />
Porém, só a garantia de um espaço reservado na rotina escolar parece não garantir que<br />
o brincar aconteça em sua forma plena. Nos registros dos diários de campo encontramos:<br />
Dois meninos voltam a ir ver o bicho no pé da árvore. A professora chama a<br />
atenção novamente e fala para que os dois brinquem mais perto dela e “Se<br />
não brincar direito eu vou tirar da brincadeira”!<br />
Um menino começa a imitar um bicho “Grrrrrrr Grrrrrrrrr” e andar como tal pelo<br />
tanque de areia. Alguns meninos tentam dominar o ´bicho`, sobem nas costas<br />
do menino e ficam nessa brincadeira por um tempo. Outro menino também<br />
começa a imitar o bicho, mas a professora chama a atenção “É para brincar de<br />
baldinho! Se for para brincar de outra coisa eu chamo pra sentar aqui”. (Diário<br />
de campo 04/04/2012).<br />
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