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a melhoria do desempenho escolar e ampliação da permanência de crianças e adolescentes na<br />
escola, sobretudo em territórios mais vulneráveis.<br />
De acordo com Cavaliere (2014), tal documento conjuntamente com a Resolução do<br />
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, partem do entendimento de que a escola é<br />
um espaço no qual a vivência democrática pode ser exercitada por meio de atividades<br />
educativas, lúdicas e recreativas e propõe a participação de educadores, alunos, artistas, atletas,<br />
equipes de saúde e da área ambiental para a implementação da educação em período integral.<br />
Inicialmente, formulada com enfoque na educação fundamental, destinada às crianças<br />
a partir dos 6 anos de idade, a educação em período integral, quando deslocada ao campo da<br />
educação infantil, não encontra referências claras em um programa consolidado de âmbito<br />
federal. Entretanto, compreendendo a educação infantil como primeira etapa da educação<br />
básica, tem se observado iniciativas isoladas, motivadas, sobretudo, pela reivindicação da família<br />
em colocar os filhos em unidades de período integral ou por iniciativas próprias de algumas<br />
cidades (Araújo et. al., 2014).<br />
Assim, a educação infantil em período integral vem ganhando cada vez mais espaço<br />
para debates na legislação brasileira e nas formulações educacionais. Segundo o Ministério da<br />
Educação (2009), pensar em educação de período integral resulta em considerar as variáveis de<br />
tempo, territórios reconhecidos em que se encontra cada escola e aumento da jornada escolar.<br />
Consiste também em adequações dos espaços físicos, das condições materiais, lúdicas,<br />
formação científica e pedagógica dos profissionais, entre outras. Dessa forma, cabe destacar<br />
que apesar do papel central que a escola tem nesse programa, não se deve descartar a<br />
articulação com outras políticas públicas, sendo esse o maior desafio presente nesses debates.<br />
Ao longo do primeiro semestre de 2015, no âmbito de uma pesquisa de pósdoutoramento<br />
cujo objetivo geral foi aprofundar conhecimentos acerca da avaliação em<br />
educação pré-escolar, de cariz experiencial, tal como é descrita por Portugal e Laevers (2010)<br />
através do Sistema de Acompanhamento de Crianças (SAC), recolhemos um conjunto de dados<br />
junto de 5 educadores que, entretanto, tinham utilizado o SAC nos seus jardins de infância. A<br />
finalidade era perceber de que forma o uso do SAC servia uma educação mais inclusiva. No SAC<br />
assume-se que uma educação inclusiva é aquela em que o educador cria um contexto educativo<br />
onde cada criança encontra a estimulação de que necessita para progredir, não perdendo de<br />
vista nenhuma criança e respondendo bem a todas elas. Pela sua focalização no vivido da<br />
criança (atitude experiencial), atendendo aos seus níveis de implicação e de bem-estar, o SAC<br />
permite ao educador perceber antecipadamente quais as crianças que não estão a beneficiar da<br />
sua permanência no contexto e (re)organizar a sua oferta educativa com vista a assegurar que<br />
todas as crianças obtenham o que necessitam para o seu desenvolvimento.<br />
Assim, a abordagem experiencial, promovendo os níveis de implicação e de bem-estar de cada<br />
criança, procura oferecer uma boa educação a todas as crianças sendo, intrinsecamente, uma<br />
abordagem inclusiva, atenta à diversidade e diferenciação curricular. Por isso, desenvolver<br />
práticas pedagógicas mais experienciais significa desenvolver práticas pedagógicas mais<br />
inclusivas (Portugal & Laevers, 2010, p. 17).<br />
Tendo como inspiração a abordagem experiencial em educação 40 , o SAC estrutura-se em torno<br />
do princípio de que a avaliação deve ser processual e deve tornar possível o desenvolvimento<br />
de práticas orientadas não apenas pelos futuros benefícios ou efeitos (aprendizagens e<br />
desenvolvimento das crianças), mas também pela atual qualidade de vida das crianças. No<br />
processo de observação-reflexão torna-se crucial identificar quer as forças, quer as áreas de<br />
fragilidade que necessitam de atenção e intervenção prioritárias, atendendo aos processos de<br />
implicação e de bem-estar emocional experienciados pelas crianças, fundamentando a tomada<br />
de decisão sobre a intervenção subsequente.<br />
Aquando dos encontros e entrevistas junto das educadoras, um dos temas debatidos foi<br />
a escola infantil em período integral. Em relação a este aspeto particular, o presente trabalho<br />
visa apresentar as opiniões das educadoras participantes sobre a educação infantil em período<br />
integral, considerando as atuais políticas públicas brasileiras, e tendo como pano de fundo os<br />
40<br />
Sobre os fundamentos do Sistema de Acompanhamento de Crianças e da Educação Experiencial, sugere-se a<br />
seguinte bibliografia:<br />
LAEVERS, F. (2014) Fundamentos da educação experiencial: bem-estar e envolvimento na educação infantil. Estudos<br />
em Avaliação Educacional, 25(58), 152-185.<br />
PORTUGAL, G., & LAEVERS, F. (2010). Avaliação em educação pré-escolar. Sistema de acompanhamento das<br />
crianças. Porto: Porto Editora.<br />
PORTUGAL, G. (2012) Uma proposta de avaliação alternativa e “autêntica” em educação pré-escolar: o Sistema de<br />
Acompanhamento das Crianças (SAC) Revista Brasileira de Educação. 17(51), 593-610.<br />
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