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tipologia de espaço urbano; sendo que os dois últimos métodos surgem posteriormente na<br />
sequência da aplicação do primeiro. Uma diferença crucial relativa ao trabalho pioneiro realizado<br />
por Marketta Kyttä e colegas reside na concretização das variáveis independentes relativas ao<br />
espaço urbano. Kyttä et al. (2012) constituíram como variáveis independentes relativas às medidas<br />
de estrutura urbana, a densidade residencial, proporção de estrutura verde e proporção de crianças.<br />
Estas foram calculadas numa área circular de 500 m em torno da casa de cada participante, e<br />
obtidas a partir das informações do tipo “hard” fornecidas pelos sistemas de informação geográfica<br />
(GIS). No caso do nosso estudo, e a partir da localização no mapa digital das affordances escolhidas<br />
pelas crianças através do “mapionário”, foi criada uma tipologia de espaço urbano assente na forma<br />
e/ou função dos vários espaços urbanos que fazem parte do quotidiano das crianças. Assim, a<br />
variável independente relativa à composição do espaço físico traduz-se por essa mesma tipologia<br />
de espaço. Outro aspeto diferenciador a destacar na conceção metodológica do atual estudo,<br />
prende-se com a construção de uma categorização das affordances emocionais nas categorias<br />
“sensação”, “estética”, “segurança” e “stresse”. Esta especificidade possibilita explorar a relação<br />
entre tipologias de espaço urbano e a concretização e expressividade de determinadas categorias<br />
de affordances emocionais.<br />
O enfoque metodológico colocado neste artigo deve-se a considerarmos ser socialmente<br />
relevante e urgente o desenvolvimento e a implementação de metodologias participativas infantis<br />
sobre a vida da criança no ambiente urbano. Esta preocupação encontra-se enquadrada pelo artigo<br />
12.º da Convenção Sobre os Direitos da Criança, no qual as crianças têm o direito de participar<br />
ativamente nos assuntos que dizem respeito à sua vida, e que as suas opiniões devem ser tomadas<br />
em consideração pelos centros de decisão. Nos processos participativos infantis, os adultos devem<br />
atuar enquanto facilitadores, promovendo canais de escuta e de participação apropriados às<br />
culturas de infância. Neste sentido, acreditamos que dada a natureza conceptual e metodológica<br />
deste trabalho, este possa ser considerado como uma contribuição válida para a criação de um lugar<br />
de ação, de vez e de voz para a criança na cidade.<br />
METODOLOGIA<br />
Objectivo de investigação<br />
Gerar conhecimento descritivo sobre a mobilidade, affordances emocionais e os espaços urbanos<br />
emocionalmente significativos da criança; e sugerir um modelo teórico da relação criança-lugar, o<br />
qual privilegia a criança enquanto ator participante no espaço urbano da sua cidade, na sua procura<br />
ativa de transações emocionais no e com o seu território sociofísico significativo.<br />
Participantes<br />
Esta investigação foi aprovada pelo Departamento Geral de Educação, Comissão Nacional<br />
de Proteção de Dados e pelo Conselho Ético da Faculdade de Motricidade Humana. Foi também<br />
obtido o consentimento informado parental e o das próprias crianças.<br />
Neste estudo participaram 52 crianças (48.1% raparigas e 51.9% rapazes; 89.6% têm<br />
bicicleta; 89.6% das famílias possuem automóvel), com idades compreendidas entre os 11 e os 14<br />
anos, oriundas de uma escola púbica, EBI Dr. Joaquim de Barros, situada em Paço de Arcos, no<br />
concelho de Oeiras.<br />
Instrumentos Metodológicos<br />
SoftGISchildren<br />
Foi aplicada a metodologia SoftGISchildren através de um questionário-mapa online<br />
designado por “Cidade Ideal: Um jogo de imaginação gráfica!”. Esta aplicação contempla duas<br />
dimensões, uma centrada na “cidade real” e outra na “cidade ideal”. A criança é convidada a localizar<br />
no mapa affordances pré-estabelecidas agrupadas em quatro categorias, social, funcional, lazer e<br />
emocional (para o presente estudo foram apenas incluídas as affordances emocionais). Após a<br />
localização de cada affordance, um mesmo conjunto de questões relativas aos comportamentos de<br />
mobilidade que a criança demonstra no seu quotidiano (cidade real) e gostaria de praticar (cidade<br />
ideal) na deslocação para esses lugares são apresentados. Mais ainda, no âmbito da cidade real, a<br />
criança é convidada a localizar a sua casa, a desenhar no mapa o percurso que realiza entre esta<br />
e a escola (localização pré-estabelecida) e a reportar a mobilidade real e ideal nesse trajeto. O<br />
conteúdo deste questionário surge de uma confluência de outros estudos com uma forte incidência<br />
na problemática da independência de mobilidade e da relação da criança-lugar (Cordovil, Lopes, &<br />
Neto, 2012; Cordovil, Lopes, Arez, et al., 2012; Kyttä et al., 2012; Lopes et al., 2011; Machado, 2008;<br />
Moreno, 2009).<br />
A recolha de dados ocorreu em 2014 na EBI Dr. Joaquim de Barros, em salas equipadas<br />
com computadores ligados à internet, tendo sido disponibilizado um computador por criança. O<br />
preenchimento do questionário foi acompanhado pelo investigador e o número máximo de crianças<br />
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