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educadoras com os grupos, o que se tornou também, como já se referiu, um contributo<br />
importante para o arranque do projeto de forma positiva e contextualizada.<br />
A avaliação formativa ao longo do projeto é feita através de observação. Como as sessões são<br />
orientadas por pessoas distintas, procura-se que um elemento da equipa SIMCidade percorra as<br />
diversas sessões, para fazer o registo fotográfico e observacional de todo o projeto e conseguir<br />
ter um olhar implicado e transversal sobre todas as sessões. Esta avaliação feita ao longo do<br />
processo tem servido para se fazerem ainda alguns ajustes durante o projeto, nomeadamente<br />
em questões muito práticas, como a duração das sessões ou a organização dos vários tempos<br />
dentro de uma sessão.<br />
Após a implementação do projeto, a avaliação sumativa foi feita nas primeiras edições através<br />
de um questionário aos educadores e de uma reunião de avaliação com os colaboradores do<br />
município envolvidos. A avaliação foi muito positiva, sendo que as questões mais frágeis que se<br />
detetaram se prendem com a forma e não com o conteúdo, por exemplo, dificuldades criadas<br />
pela necessidade de transporte para as visitas ao exterior, ou dificuldades em ajustar os horários<br />
do projeto com os horários de outras atividades de cada grupo.<br />
No final da primeira edição do Projeto realizou-se uma Exposição de Trabalhos, focada<br />
essencialmente no processo, onde se expuseram muitos dos registos feitos na sala de aula, ao<br />
longo de todo o projeto, registos esses que foram também considerados na avaliação do projeto.<br />
Na segunda edição não foi possível realizar a exposição, mas na terceira edição retomar-se-á<br />
esta componente da exposição.<br />
Do desenvolvimento e acompanhamento do projeto conclui-se que:<br />
Foi extremamente positivo envolver, num projeto, tantos serviços municipais que, no seu<br />
dia-a-dia, raramente interagem. Em termos de espírito de corpo e sentido de pertença,<br />
foi uma mais-valia para os colaboradores do Município a participação neste projeto<br />
transversal.<br />
Tanto educadores como crianças gostaram de conhecer os bastidores da cidade e<br />
mostraram ficar a perceber melhor o funcionamento da cidade como um todo.<br />
Considera-se que o projeto reforça de forma positiva a imagem e atitude das crianças<br />
perante a sua cidade e o serviço público, pese embora esta perceção seja empírica,<br />
baseada na observação e conversas com as crianças e educadores. Pequenas<br />
mudanças foram sendo detetadas, por exemplo, as crianças deixaram de chamar lixeiro<br />
aos cantoneiros de limpeza, por perceberem que eles preferiam ser chamados de<br />
cantoneiros.<br />
Considera-se ainda que o projeto potencia uma participação cívica das crianças, desenvolve o<br />
sentido crítico e criativo sobre a cidade onde vivem, embora só a médio prazo este tipo de<br />
mudanças de atitude possa ser avaliado.<br />
Será importante, em próximas edições do projeto, definir instrumentos concretos para avaliar<br />
pelo olhar e pela voz das crianças.<br />
Um Olhar Reflexivo sobre o uso de objetos nos Bastidores da Cidade<br />
O que interessa neste caso prático acompanhado de perto, não é tanto refletir sobre os<br />
Bastidores da Cidade enquanto projeto, mas sobre o uso de objetos neste projeto enquanto<br />
mediadores.<br />
O conceito de mediação tem as suas raízes em Vygotsky (1978). A relação do homem com o<br />
envolvimento cultural, institucional e histórico, no qual toda a ação ocorre é sempre mediada<br />
(Wertsh, [et al.], 1995). Desde a infância, período em que a criança participa no envolvimento<br />
através da mediação por instrumentos culturais, nomeadamente a linguagem, que a relação do<br />
ser humano com o envolvimento é mediada. É através dessa mediação que a criança constrói<br />
significados (Pierroux, 2007). Na perspetiva de Latour, mediação é associar e simultaneamente<br />
interpretar, pelo que «o significado não é simplesmente transportado pelo médium, mas é em<br />
parte constituído, movido, recreado, modificado» (Latour, 2005: 39). Ver um objeto como<br />
mediador é, então, «questionar o que o objeto faz» (Pierroux, 2007: 100), o mediador não se<br />
limita a transmitir informação, transforma aquilo que é mediado.<br />
Construíram-se então significados a partir de encontros com o envolvimento, mediado por<br />
objetos. Nos Bastidores da Cidade as crianças construíram significados através do encontro do<br />
seu contexto pessoal – o que sabiam e haviam já experimentado sobre cada profissão e sobre<br />
a sua cidade – com o contexto da cidade e das suas profissões, mediado por objetos. Estes<br />
objetos identificativos de cada profissão foram mediadores que ajudaram a relacionar as crianças<br />
com cada profissão e, também, com a cidade. Além da importância dos objetos, como<br />
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