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crianças. Assim, o brincar é um meio privilegiado de expressão e apreensão da realidade,<br />

permitindo o acesso ao simbólico e aos processos de complexificação da vida.<br />

Considerações finais<br />

Esta pesquisa não teve a pretensão de esgotar a discussão sobre o lugar do brincar nas<br />

escolas de educação infantil. Ela vem agregar este debate, trazendo reflexões pautadas na<br />

perspectiva histórico cultural.<br />

Esta perspectiva vê o brincar como forma de apropriação de cultura, de mundo e o meio<br />

pelo qual a criança transforma sua história e é transformada por ela. Ainda coloca o brincar como<br />

atividade principal na infância por ser aquela que mais gera transformações na criança, que a<br />

faz realizar ações que estão além do seu nível de desenvolvimento.<br />

A preocupação com a educação infantil no Brasil é legitimada pela Lei de Diretrizes<br />

Básicas da Educação Nacional de 1996, quando passa a fazer parte da educação básica e ser<br />

responsável pelo desenvolvimento integral de crianças até seis anos de idade. Assim, as<br />

crianças entram mais cedo na instituição escolar e esta influencia diretamente no brincar de seus<br />

educandos, seja pela concepção dos educadores ou pelo lugar que o brincar ocupa na escola.<br />

Os resultados da pesquisa mostraram que os educadores, na sua maioria, concebem o<br />

brincar como uma atividade natural e espontânea da criança, ou seja, veem o brincar sob uma<br />

perspectiva frobeliana.<br />

Também foi encontrado que os educadores valorizam o jogo pedagógico, como uma<br />

ferramenta para alcançar objetivos didáticos, e o brincar livre fica restrito ao horário do parque.<br />

A observação do horário do parque mostrou que o brincar que ali acontece sofre influência dos<br />

educadores, que, na maioria das vezes, está direcionada à vigília e punição.<br />

Considerando a perspectiva histórico-cultural, acredita-se que o brincar deva ser visto<br />

nas instituições de educação infantil como elemento de apropriação de cultura, constituição do<br />

sujeito, meio pelo qual a criança escreve sua história e é modificada por ela.<br />

Acredita-se também que toda a ação lúdica possui potencial educador. Assim, não só o<br />

jogo pedagógico deve ser valorizado na escola, mas o brincar deve ser visto, valorizado e<br />

respeitado pelos educadores como atividade com potencial educador, de constituição de sujeito<br />

e apropriação de cultura.<br />

Para isso é essencial o papel do educador na instituição escolar, ele é o principal<br />

responsável na garantia de momentos do brincar. Ele deve reservar momentos no cotidiano<br />

escolar para a brincadeira, preferencialmente no intervalo de atividades dirigidas; organizar<br />

espaços de acordo com a faixa etária das crianças, com materiais variados e de fácil acesso;<br />

organizar o espaço da sala de aula a fim de permitir que as brincadeiras ocorram; reservar um<br />

período para conversar com as crianças sobre as brincadeiras, materiais, personagens que<br />

assumiram, entre outras questões; incorporar o brincar no currículo; e ser elemento integrante<br />

nas brincadeiras, como organizador, observador, mediador e questionador (WAJSKOP, 1990<br />

apud WAJSKOP, 2009).<br />

Pelo brincar ser um espaço de aprendizagem social e com uma significação conferida<br />

por todos que dele participam, seu uso na escola pode ser uma ferramenta para que os<br />

educadores conheçam a realidade de seus educandos, bem como possibilitar um diálogo entre<br />

a realidade da criança e da comunidade com o projeto pedagógico.<br />

É importante ressaltar que as pesquisadoras entraram em contato com recortes da<br />

realidade das escolas que participaram do estudo e que a falta de vínculo com os educadores<br />

pode ser uma variável de influência nos dados coletados. Porém, acredita-se que os achados da<br />

pesquisa são fundamentais e agregadores na discussão sobre o lugar que o brincar ocupa nas<br />

escolas de educação infantil, as concepções dos educadores sobre o brincar e o papel do adulto<br />

na brincadeira.<br />

Referências<br />

BASAGLIA, F. (2001). As instituições da violência. In: BASAGLIA, F. (org.). (3.ª ed.). A instituição<br />

negada. (pp. 99-133). Rio de Janeiro: Graal.<br />

BOIKO, V. A. T.; ZAMBERLAN, M. A. T. (2001). A perspectiva sócio-construtivista na psicologia<br />

e na educação: o brincar na pré-escola. Psicologia em estudo, 6(1), 51-58.<br />

BOMTEMPO, E. (1999). Brinquedo e Educação: na Escola e no Lar. Psicologia Escolar e<br />

Educacional, 3(1), 61-69.<br />

BRASIL, Ministério da Educação. (2010). Diretrizes curriculares nacionais para a educação<br />

infantil. Brasília: MEC/SEB.<br />

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