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Objetivos<br />
Este projeto tem como objetivos, a curto prazo:<br />
Dar a conhecer às crianças do ensino pré-escolar os bastidores de uma cidade e as<br />
profissões que a fazem funcionar;<br />
Promover nas crianças uma imagem positiva do serviço público;<br />
Recolher as visões das crianças e dos educadores sobre a cidade para poder,<br />
eventualmente, promover algumas melhorias na relação do município com os munícipes,<br />
de acordo com as sugestões apresentadas.<br />
Tem ainda como objetivos, a médio e longo prazo:<br />
Formar cidadãos mais interventivos, com sentido crítico e criativo sobre a sua cidade;<br />
Promover o respeito pelos diversos profissionais que fazem uma cidade funcionar;<br />
Aumentar o sentido de pertença e de responsabilidade pela cidade - pessoas,<br />
património, edifícios ou lugares.<br />
Sensibilizar para a importância de trabalho colaborativo e em equipa, para uma cidade<br />
trabalhar.<br />
Na Porta de Embarque – acesso aos Bastidores da Cidade<br />
Estamos na Porta de Embarque dos Bastidores da Cidade, na primeira sessão. O objetivo é<br />
apresentar ao grupo de crianças que nos acolhe o projeto como um todo, sessão a sessão.<br />
Temos para lhes propor uma viagem ao longo de nove etapas, por várias profissões que<br />
dependem da tutela do Município e que são importantes para, diariamente, a cidade funcionar.<br />
O temporal que caiu sobre a cidade do Porto em mais um arranque do projeto não nos impede<br />
de avançarmos para as visitas aos jardins-de-infância. A materialização de uma situação de<br />
“estado de sítio”, que todas as crianças mais ou menos diretamente presenciaram – umas, na<br />
vizinhança, no caminho para a escola, outras, nas notícias da televisão – ajuda a dar o contexto<br />
necessário para a viagem que vamos propor.<br />
Colocadas perante uma situação real e materializada, as crianças puderam construir<br />
conhecimento novo. Partiram do que ocupava as suas mentes, conversas e experiências para<br />
aquilo que era novidade. O fundamento construtivista de que se aprende melhor quando se<br />
envolve o eu de cada um no processo (Hein, 1998) acompanhou-nos neste projeto. Também nos<br />
acompanharam algumas ideias centrais de Dewey (1985), como o poder da experiência e a<br />
importância do interesse, para que a experiência seja significativa e a ideia de que se aprende a<br />
partir da experiência reflexiva (Masachs, 2009: 80). No projeto em curso, as crianças partiram do<br />
eu, da sua experiência, para refletir sobre ela e construir novo conhecimento.<br />
Conta-nos Philip Yenawine (Rice & Yenawine, 2002: 289-291), um educador sénior de um museu<br />
de arte, que muitas vezes, na sua prática, partiu do entender o que as pessoas já sabem para<br />
poder ajudá-las, a partir daí, a descodificar o desconhecido. Se esta estratégia de partir do que<br />
se conhece para o que não se conhece funciona bem em museus, considera-se que também<br />
funciona muito bem em situações da vida real, nomeadamente com crianças. «Por detrás da<br />
superfície da familiaridade existe um maravilhoso mundo desconhecido para ser explorado»,<br />
como refere Adair (2007: 18).<br />
Outra estratégia que funciona muito bem para se ir avançando para fora do terreno conhecido e<br />
previsível é pensar por assunções e tentativas (Adair, 2007: 61-65) e foi também, dessa forma,<br />
que fomos avançando da situação circunstancial bem conhecida de todos – o temporal e as suas<br />
consequências – para questões menos conhecidas, o trabalho de bastidores para fazer uma<br />
cidade funcionar. Esta circunstância materializada criou um excelente exemplo para perceber<br />
como, realmente, todos os profissionais do município são importantes para pôr a cidade a rodar:<br />
partimos da visualização da cena, “metemo-nos lá”: os bombeiros foram chamados à foz do rio<br />
Douro para resolver situações drásticas de inundações; a polícia foi chamada para impedir o<br />
trânsito nas ruas inundadas; a proteção civil for avaliar se algum prédio ou construção estavam<br />
em perigo; o cantoneiro de limpeza terá muitos dias de trabalho árduo pela frente, com certeza,<br />
para pôr a cidade limpa de novo e os jardineiros virão tratar dos jardins que ficaram, também<br />
eles, um pouco abalados com a força dos ventos. Talvez tenham de replantar uma árvore ou<br />
outra e apanhar muitos galhos, por todo o lado. O cientista virá para perceber a mecânica destes<br />
fenómenos e tudo fazer para que, da próxima vez, possamos estar mais preparados. O<br />
historiador vai colhendo dados e testemunhos, para ir construindo a história de todas estas<br />
coisas que vão acontecendo na cidade; e o político foi também chamado – vimo-lo na televisão<br />
– para comentar o sucedido e explicar à população todas as medidas que estão a ser tomadas<br />
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