livro_atas
livro_atas
livro_atas
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
quando elas crescem com frequência longe dos espaços naturais, paradoxalmente, sendo as suas<br />
escolas imersas em áreas rurais.<br />
Resultados<br />
Quando as crianças criam laços de amizade e de confiança são capazes de mostrar mais<br />
facilmente o melhor de si. O medo e a intimidação que poderiam gerar a presença de um adulto<br />
vencem-se e dão mostras de organização, liderança e decisão na hora de criar e cooperar. Podem<br />
fazer valiosas propostas e mudar o ambiente de toda uma comunidade, se lhes é permitida a<br />
oportunidade.<br />
Desfrutam de ser desafiadas. Manifestam-se disponíveis especialmente para participar em<br />
projetos relacionados à natureza, ao ambiente e à paisagem que conhecem no seu dia-a-dia. A sua<br />
voz é clara quando os temas têm a ver com o seu quotidiano, com as suas vivências, sensações e<br />
mundo de brincadeiras.<br />
Quando sentem que alguma ideia pode ficar melhor e mais bonita reconhecem-no. Procuram<br />
investigar e não hesitam em solicitar ajuda. Convocam, com determinação, o trabalho de equipa e<br />
também a quem desafia a sua contribuição. Títulos de programas de rádio, nomes para o grupo,<br />
narrativas para ser gravadas todos são oportunidades para o encontro intra e intergeracional, para<br />
incluir pensamentos e sentimentos partilhados.<br />
Com o propósito de construir coletivamente a apresentação das séries de rádio finais, as<br />
crianças do Centro Educativo da Facha e do Centro Educativo das Lagoas deram, cada grupo em<br />
sua oportunidade, opiniões e propostas, no marco de trocas interativas de ideias. A seguir<br />
transcrevem-se as narrativas surgidas dos encontros. Estas foram gravadas em círculo fluído de<br />
vozes das crianças e editadas com a linguagem da rádio.<br />
“A série de rádio da Facha apresenta…A Força da Natureza……esse mundo<br />
onde sinto-me em casa… porque é nosso lar……onde sinto bem-estar…<br />
conforto, alegria… onde somos felizes … respiramos oxigénio… ouvimos as<br />
ondas do mar… e também o som do vento… o piu piu dos passarinhos, o som<br />
das rãs e dos grilos… onde podemos ficar sujos… brincar, esconder-nos e trepar<br />
as árvores … sentir-nos nas nuvens… olhar as cores da floresta… sentir a<br />
textura das folhas… desfrutar a forma do sol... e as asas das borboletas … onde<br />
nos sentimos seguros e livres… com animais, flores e o verde… sentindo a<br />
vidaaaa!”<br />
“A série de rádio das Lagoas apresenta… Uma Floresta no meu<br />
recreio…porque todos gostamos do canto dos pássaros……das flores, dos<br />
animais…porque todos desfrutamos…de cheirar os cheirinhos…porque todos<br />
necessitamos…respirar ar puro…porque todos gostamos…de sentir sossego e<br />
alegria…porque todos gostamos…de brincar no campo…na floresta, com as<br />
árvores…sentindo a liberdade…que nos presenteia …sempre a natureza… Por<br />
isso…Bem-vinda a nossas vidaaas!...”<br />
Em jeito de conclusão<br />
Que pensa a criança sobre a sua paisagem e a cidadania infantil? Quando se fala de<br />
participação sempre se pensa em projetos ou em modelos que se estabelecem para com as<br />
crianças. Mas, com frequência, se esquece que não só se trata da aplicação da Convenção dos<br />
Direitos da Criança ou de considerações pedagógicas; a participação é, em primeiro lugar, a vida<br />
quotidiana, seja na escola, seja na vida familiar, seja na cidade, seja na natureza. Os seres humanos<br />
são seres sociais. Todas as pessoas formam parte da vida social, sem importar a sua idade. As<br />
crianças são atores sociais, capazes de organizar certos espaços das suas vidas, a sua posição em<br />
relação aos demais, definir as coisas que gostam ou não que são importantes e que marcam<br />
influência na sua sensibilidade (Gaitán & Liebel, 2011).<br />
“O cérebro é também um autêntico órgão social, resultado de estímulos ambientais para o<br />
seu desenvolvimento. Sem a matriz afetiva, o cérebro não pode alcançar os seus mais altos níveis<br />
do conhecimento” (Restrepo, 1999: 78 em Janes, 2007). Como se faz para conhecer então as<br />
necessidades, sonhos e sentires das crianças em relação aos seus afetos, ambientes e contextos<br />
quotidianos? No mundo das crianças tudo passa pela sua vivência e experiência e estas pelas<br />
paisagens. Quando elas conhecem o porquê é importante a paisagem, a vida que abraça a sua vida<br />
no seu quotidiano, animam-se a expressá-lo com a sua linguagem particular, partilham os seus<br />
98