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deles; com e sem direitos, com vozes em abundância e com as suas vozes censuradas; sem<br />

reconhecimento e com uma presença visível, e com uma capacidade transformadora dos contextos<br />

onde moram e participam. Não obstante, quando surgem discursos castradores das diversas<br />

infâncias e das vidas das crianças também surgem discursos emancipadores que intentam entender<br />

a situação subjetiva ideologicamente errada de um coletivo e através deles conquistar a toma de<br />

consciência por parte do grupo oprimido, o grupo das crianças (Dryzek, 1995: 99 em Cordero Arce,<br />

2015: 13)<br />

As crianças constroem uma sociedade particular entre elas, entre elas e os adultos e entre<br />

elas e o mundo. Desde uma perspetiva onde as crianças não são consideradas sujeitos, onde a sua<br />

cidadania é reduzida a um papel que somente assume quando o adulto a convoca, transformam-se<br />

em simples observadoras desde a janela de um carro, de um muro da escola ou da varanda de seu<br />

lar. A infância é um fenómeno social. A criança é criança num tempo histórico e numa sociedade<br />

determinada. Desde esse olhar elas são protagonistas, seres humanos com plenitude e capacidade<br />

de direitos que intervêm na vida social. Elas relacionam-se com os seus pares e demais grupos<br />

sociais com força e com suas condutas podem contribuir as mudanças que acontecem na<br />

sociedade. Estes relacionamentos são necessários para o seu crescimento e compreensão da<br />

convivência. Neles compara, decide, descobre a distância social, observa comportamentos, brinca,<br />

compartilha e intercambia as suas experiências no espaço e sua paisagem, modificando o seu<br />

mundo e a sua perceção (Oliveira, 2004).<br />

Perguntas, objetivos e metodologias de intervenção<br />

O olhar, o sentir da criança nos seus contextos naturais… como ela percebe a natureza que<br />

a circunda? Como a criança sente e se relaciona com a paisagem envolvente nos seus contextos<br />

quotidianos como pessoa e cidadã?<br />

Perguntas como estas foram o marco motivador para implementar ações de sensibilização,<br />

em dois centros educativos de áreas rurais do Município de Ponte de Lima, Portugal; dinamizações<br />

de reflexão que convidaram as crianças, desde uma proposta de educação não formal, a opinião e<br />

a participação relativa a natureza e a paisagem e ao diálogo sobre suas influências na vida do<br />

cidadão infantil.<br />

Com este propósito geraram-se ecossistemas de Educomunicação como plataformas onde<br />

as crianças pudessem sentir a responsabilidade de seu próprio crescimento e o dos outros a partir<br />

de passeios exploratórios, tormentas de ideias, audição de trabalhos feitos por outras crianças,<br />

experiências próximas à natureza, ações com os “média” como sustento da mediação das palavras<br />

escritas e faladas.<br />

Os Centros Educativos da Facha e das Lagoas foram o cenário para executar tais ações e as<br />

dinâmicas de sensibilização permitiram analisar como a paisagem marca a vida das crianças e o<br />

seu modo de comunicar e expressar a sua cidadania.<br />

A atividade foi desenvolvida junto a 48 crianças de 08 a 09 anos de idade. A metodologia<br />

qualitativa utilizada foi a da criança participante (Alderson 1995; Christensen 2010, Fernandes 2009,<br />

Hart 1997) e protagonista em investigações e criações, uma ponte que reforçou a confiança e o<br />

afeto entre os intervenientes permitindo uma observação ampla e uma relação de bem-estar.<br />

O contacto pessoal, de primeira fonte, frente a aspetos urbanos e ambientais (Imagem 01),<br />

estimulou-as à sensibilidade, à curiosidade e ao pensamento analítico e abertura para propor<br />

reflexões e exercer a cidadania como agentes transformadores dos espaços onde moram, assim<br />

como apreciadores dos recursos naturais, testemunhas de suas vidas. “As crianças foram<br />

encorajadas a explorar seu ambiente e a expressar a si mesmas através de todas as suas<br />

linguagens naturais ou modos de expressão, incluindo palavras, movimentos, desenhos,<br />

dramatizações e música” (Edwards & Gandini & Forman, 1999: 21).<br />

Imagem 01: Sair com as crianças do interior da escola para explorar e estar em contacto direto com a<br />

paisagem foi motivo de curiosidade, aventura e observação.<br />

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