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estaremos, possivelmente, a dar um passo na luta contra a desigualdade social e económica,<br />

buscando um mundo mais justo e democrático para todos.<br />

É principalmente porque as circunstâncias da atual crise social e do sistema financeiro tem<br />

prejudicado substancialmente os direitos humanos, onde neles estão incluídos os das crianças, que<br />

é essencial e determinante uma reflexão profunda sobre a participação das crianças nas lutas contra<br />

os cenários que as ameaçam direta ou indiretamente (Sarmento, 2012).<br />

As crianças têm uma resiliência e uma capacidade inventiva e criativa caraterística, que lhes<br />

permite ter uma visão distinta e original no modo como resolver determinadas situações. O<br />

envolvimento das crianças em lutas comuns pelos seus interesses permite fortalecer os seus laços<br />

sociais e comunitários, desenvolver a sua visão crítica do mundo, a sua ação, a sua resistência e a<br />

perceção de que não se podem deixar oprimir e subjugar. É necessário analisar de modo crítico as<br />

circunstâncias de participação das crianças e fomentar contextos em que estas possam transmitir<br />

os seus problemas e propor soluções.<br />

De acordo com Liebel (2009), os Direitos da Criança deveriam compreender-se também<br />

como direitos de ação e participação, em que as crianças fossem consideradas e respeitadas como<br />

atores, que pudessem ter influência no processo de criação dos seus próprios direitos. As autoras<br />

Gaitán & Liebel (2011) propõem a integração das crianças no momento de especificar e implementar<br />

os Direitos, através da organização de Cimeiras da Criança, da criação de Fóruns na Internet sobre<br />

assuntos relacionados com os interesses das crianças. Este cenário fortaleceria a possibilidade de<br />

influência e competência de decisão dos sujeitos de direito.<br />

A participação das crianças no espaço público como forma de o (re)construir, de o reinventar<br />

e recuperar, devolvendo-o à comunidade e às próprias crianças, é pertinente no que concerne ao<br />

relativo à ocupação do espaço público e ao espaço urbano abandonado. Degenerados ou,<br />

simplesmente, empobrecidos, os espaços públicos são, em muitos casos, interditos à participação<br />

das crianças, “sob a influência de imagens que podem agravar as suas condições de isolamento<br />

social e alterar as formas de exercício de autoridade e de controlo pelos adultos e instituições”<br />

(Madeira, 2013, p. 156).<br />

“Numa sociedade em que houvesse um interesse genuíno pela defesa dos<br />

direitos de participação das crianças, haveria muito maior cuidado na<br />

criação de condições de envolvimento das crianças na esfera pública, onde<br />

são feitas as escolhas e se tomam as decisões em nome do bem comum.”<br />

(Madeira, 2013, p. 158)<br />

A subordinação das crianças perante a população adulta anula-a enquanto ser autónomo,<br />

criativo e com voz própria. Alimentar as relações horizontais no seio familiar, a escuta, a<br />

compreensão e a cooperação são desafios que poderão contribuir para que a criança se sinta<br />

considerada no campo pessoal e social e, assim, uma parte integrante e relevante no seio da sua<br />

comunidade.<br />

Uma vez que, nos últimos anos, os Estados se têm desresponsabilizado cada vez mais pela<br />

proteção e pela garantia de providenciar às suas populações recursos para uma vida digna, a<br />

afirmação dos direitos de cidadania das crianças é uma oportunidade para que as próprias crianças<br />

se apropriem dos vários recursos, de modo a dar vida ao seu protagonismo, criando novas<br />

plataformas de intervenção, contribuindo para novas experiências educativas e de intervenção<br />

social (Madeira, 2013).<br />

O processo que envolve a participação das crianças na sociedade não implica apenas o seu<br />

envolvimento ativo no meio, mas inclui, como tenho vindo a referir, o direito à palavra, à voz, à<br />

escuta atenta, à negociação e à participação em planeamentos e elaboração de projetos educativos<br />

nas instituições que frequentam ou nos locais de administração local. Para além do seio familiar, as<br />

instituições assumem um papel importante e privilegiado no desenvolvimento da participação<br />

infantil, na partilha de visões da realidade, na promoção do diálogo e do debate. E assim, se constrói<br />

um caminho estimulante para a aprendizagem da democracia e se conquista a vivência da<br />

liberdade.<br />

A Investigação-Ação Participativa em colaboração com Crianças<br />

Assente no paradigma socio-crítico, a investigação-ação participativa presume o<br />

compromisso de estudar/investigar uma determinada realidade e propor-lhe uma mudança e este<br />

acordo implica um envolvimento próximo e atento entre quem investiga e quem é investigado. É<br />

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