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tempo é subentendido como obediência à vontade e respeito pelos adultos que decidem. Ao<br />

fazer esta atividade pretendíamos romper com este padrão de relacionamento entre adultos e<br />

crianças, pois, assim, não faria sentido discutir a escolha das atividades ou serem escutadas ou<br />

consultadas sobre assuntos ou decisões que afetam a sua vida do dia-a-dia, como um direito<br />

das crianças, como o menos conhecido de todos os direitos - o direito de participação.<br />

Para consolidar esta “identidade” e situar as crianças na prática de investigação foi construído<br />

por cada uma um cartão C.I.C.I (Cartão de Identificação das Crianças Investigadoras), onde<br />

também estariam os dados reais sobre a composição e atividade da família, residência, entre<br />

outras informações. Estes dados além de permitirem a caraterização social do grupo participante,<br />

constituiu uma outra forma de conversar sobre a diversidade dos seus contextos reais de vida,<br />

na família (com pais que exerciam profissões diversas) e como residentes, dentro ou fora da<br />

Cidade.<br />

A máquina fotográfica foi um recurso muito importante das crianças para a construção do papel<br />

e da sua identidade individual e coletiva como investigadoras. As crianças fotografaram e foram<br />

fotografadas por outros “membros da equipa” no momento em que entravam no sótão, enquanto<br />

“Laboratório de Investigação”. Como legenda da fotografia, as crianças imaginavam a sua<br />

transformação, usando num dos casos os seguintes termos:<br />

“quando entramos na biblioteca da escola nós transformamo-nos em investigadores prontinhos a<br />

investigar”,“…senti-me investigadora e deixei a aluna lá fora. Sou investigadora.”.<br />

Consolidada esta etapa de construção da identidade e das regras de ação correspondentes ao<br />

papel de investigador/a, as crianças dispuseram-se a trabalhar como grupo de investigadores na<br />

geração de informação sobre o uso do tempo das crianças.<br />

Aprendemos com Graue (2003:115) e verificámos que a aquisição dos dados é um processo<br />

muito ativo, criativo e de improvisação.<br />

Neste processo de geração de dados, começamos por partilhar com as crianças as seguintes<br />

questões.<br />

O que é que as crianças sabem sobre as AEC’s (Atividades de Enriquecimento<br />

Curricular)?<br />

Quando, onde, com quem e como são as AEC?<br />

Porque é que as crianças as frequentam?<br />

O que sentem?<br />

Estas questões obrigaram-nos a recuar na conversa do grupo para descobrir:<br />

Como é que as crianças ocupam o tempo?<br />

Que atividades fazem num dia?<br />

Que espaços/contextos frequentam durante o dia?<br />

O que pensam e sentem sobre o uso do seu tempo?<br />

O conhecimento prévio com que partimos para a interação com as crianças foi um elemento<br />

relevante para a orientação do processo, mas teve que ser constantemente acompanhado da<br />

procura e cruzamento de novos pontos de vista sobre a realidade da escola e da vida das<br />

crianças dentro e fora do seu espaço. Implicou também a revisão bibliográfica e a procura de<br />

informação e de novos recursos teóricos que permitissem compreender e aprofundar os<br />

assuntos que emergiam ou estavam a ser explorados com as crianças.<br />

Para que o enriquecimento dos dados contribuísse para o rumo delineado da investigação,<br />

ajudaram o plano de trabalho, o início e conclusão do trabalho de campo, bem como o dia e a<br />

hora de todos os encontros a realizar com as crianças e o consentimento/conhecimento pelos<br />

encarregados de educação e responsáveis da direção/coordenação da escola.<br />

Apesar do papel (inter)ativo que foi sendo pedido e renovado a cada etapa com as crianças,<br />

tínhamos um guião com tópicos para conversa com as crianças que sugeriam assuntos que, por<br />

sua vez, exigiam a previsão das condições de um trabalho que seria realizado não para, mas<br />

sim com as crianças do grupo.<br />

1. Conversa sobre o “Tempo das Crianças!”<br />

Ponto de partida o “orçamento do tempo”, ou seja, do registo estruturado das<br />

suas atividades numa segunda-feira e na quinta-feira da mesma semana.<br />

1. Conversa sobre “Como ocupo o tempo?”<br />

Análise comparativa e avaliação das atividades: O que mais gosto de fazer/o que<br />

menos gosto de fazer/ gostaria de ter mais tempo para…).”<br />

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