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para que a situação fique sob o controle. De assunção em assunção, de tentativa em tentativa,<br />

as crianças foram construindo o contexto no qual cada profissional foi chamado a intervir.<br />

Esse contexto – um temporal/ situação real que vivenciaram – como mote para a primeira sessão,<br />

não estava planeado. Foi algo que aconteceu, porque o assunto “estava no ar”, nas mentes, nos<br />

olhos e nas bocas das crianças. Para trabalhar com crianças pequenas é fundamental estar<br />

preparado para, a todo o momento, “apanhar” o que está no ar e improvisar, articulando o que<br />

levamos para apresentar com aquilo que eles nos trazem. Danielle Rice refere que a<br />

aprendizagem envolve sempre análise e construção de narrativas pessoais; e as narrativas só<br />

se tornam pessoais se as pessoas forem implicadas na sua construção (Rice & Yenawine, 2002:<br />

289-301).<br />

Mas só palavras e histórias não são suficientes para envolver crianças muito pequenas. Os<br />

objetos são – e foram neste projeto – a porta de embarque. Recorremos a um objeto associado<br />

a cada profissão: o boné do polícia (Fig. 3), um <strong>livro</strong> do historiador, a vassoura do cantoneiro de<br />

limpeza, a fita de delimitação da zona de perigo, da proteção civil, entre outros. Levámos para a<br />

primeira sessão esses objetos para que, partindo da sua materialidade, pudéssemos embarcar<br />

na viagem, de diferentes formas. Roser Calaf Masachs (2009: 49) integra o referente da “obra<br />

aberta” de Umberto Ecco nos discursos comunicativos da didática do património, para falar desta<br />

possibilidade em aberto que cada objeto potencia. Parece-nos que, também aqui, este<br />

referencial se aplica: a mangueira do bombeiro, por exemplo, pode constituir uma possibilidade<br />

em aberto para muitas explorações (Fig. 4).<br />

Figura 3 – De Olhos Fechados<br />

Uma atividade tão simples como fechar os olhos de uma criança e descobrir os objetos, pelo tacto, é<br />

capaz de manter as crianças presas e entusiasmadas um tempo sem fim.<br />

Os objetos são, como refere Gartenhaus (1997), uma provocação à criatividade, pois oferecem<br />

a vantagem única de fornecer acesso direto à evidência histórica, científica ou artística - a<br />

matéria-prima para a construção do conhecimento - de uma forma que os recursos secundários<br />

da impressão ou da internet não oferecem (Felton & Kuhn, 2007: 108-109).<br />

A criatividade parte do que se conhece e a imaginação é o veículo para dar o salto para o novo.<br />

Procurou-se, a partir da materialidade de situações e objetos do mundo real, desafiar as crianças<br />

a ver para além do visível, imaginar algo novo, prever ou imaginar resultados e consequências.<br />

A imaginação permite construir situações imaginativas e ideais (Sefertzi, 2000: 4), prever e<br />

imaginar resultados e consequências ou imaginar algo completamente novo (Adair, 2007: 6).<br />

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