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As crianças, a tragédia e a mídia<br />
Carla Mercês da Rocha Jatobá Ferreira<br />
Universidade Federal de Ouro Preto- MG- Brasil<br />
carlajatobaferreira@gmail.com<br />
Fernanda Carvalho de Faria Vila Real<br />
Universidade Federal de Ouro Preto- MG- Brasil<br />
fernandacarvalhovr41@gmail.com<br />
Mônica Maria Farid Rahme<br />
Universidade Federal de Ouro Preto- MG- Brasil<br />
monicarahme@hotmail.com<br />
O trabalho tem como objetivo discutir como o discurso midiático, impresso e virtual, aborda a<br />
situação das crianças dos distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, pertencentes ao<br />
município de Mariana, no estado de Minas Gerais, Brasil, atingidas, em 05 de novembro de<br />
2015, pela maior tragédia ambiental ocorrida no país. Aproximadamente 40 bilhões de litros<br />
de rejeitos de minério de ferro vazaram da Barragem do Fundão, de propriedade da empresa<br />
Samarco (Vale e BHP Billinton), transformando as localidades acima citadas em verdadeiro<br />
mar de lama. A tragédia provocou a morte de 17 pessoas, entre estas 2 crianças, destruindo<br />
completamente esses distritos, onde residiam aproximadamente 254 famílias. Os moradores,<br />
quando entrevistados por emissoras de televisão, relataram que viviam em lugares pacatos,<br />
onde a vida corria calmamente, embalada pela natureza e pelo silêncio, onde as crianças<br />
brincavam livremente, ocupando suas ruas, livres de quaisquer ameaças. Devido à<br />
proximidade da catástrofe (dois meses) e suas conseqüências nas vidas das famílias<br />
afetadas, o presente trabalho, em andamento, propõe a análise preliminar das formas<br />
utilizadas pelo discurso midiático para abordar, ou não, a situação das crianças diante dos<br />
acontecimentos. Como aporte teórico referencia-se nos pressupostos da Sociologia da<br />
Infância para discutir questões como: a (in)visibilidade das crianças; a forma como suas vidas<br />
foram afetadas; a escola; as futuras ocupações de seus pais; as incertezas que cercam as<br />
possibilidades de moradia; o caráter provisório das condições de residência atuais (hotéis e<br />
casas alugadas); e, finalmente, como os rumos que as negociações entre a Empresa<br />
Samarco, a representação dos moradores dos distritos, o poder judiciário, o poder político<br />
local, a Igreja Católica e outras entidades poderão afetar a vida das crianças.<br />
Palavras-chave: crianças, mídia, tragédia, conseqüências, possibilidades de vida.<br />
O trabalho objetiva discutir como o discurso midiático, impresso e virtual, aborda a situação das<br />
crianças dos distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, pertencentes ao município de<br />
Mariana, no estado de Minas Gerais, Brasil, atingidos, em 05 de novembro de 2015, pela maior<br />
tragédia ambiental ocorrida no país. Aproximadamente 40 bilhões de litros de rejeitos de minério<br />
de ferro vazaram da Barragem de Fundão, de propriedade da empresa Samarco (Vale e a angloaustraliana<br />
BHP Billinton), transformando as localidades acima citadas em verdadeiro mar de<br />
lama. A tragédia provocou a morte de 17 pessoas, entre estas 2 crianças, destruindo<br />
completamente esses distritos, onde residiam aproximadamente 254 famílias. Ao executar seu<br />
c<strong>atas</strong>trófico percurso até o oceano atlântico, a lama e os restos de minério atingiram a bacia do<br />
Rio Doce, um dos maiores rios da região, impactando de forma grave as águas, as terras e a<br />
vida das populações ribeirinhas dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. A verdadeira<br />
dimensão do desastre é tida como incomensurável por especialistas e o processo de<br />
recuperação ambiental das áreas atingidas, como impossível de prever.<br />
O distrito histórico de Bento Rodrigues 39 , cuja fundação data do século XVIII, é considerado como<br />
um das primeiras localidades de Minas Gerais, nascida com o início da exploração mineral. A<br />
barragem de Fundão foi construída em 2005, acima do povoado, e “há muito ameaçava a<br />
existência do vilarejo” (Folha de São Paulo on line, 2015). Tal construção é demonstrativa de<br />
interesses que regem governos e empresas, uma vez que se questões de segurança da<br />
população e do meio-ambiente fossem consideradas, tal empreendimento não poderia ter sido<br />
39<br />
Bento Rodrigues foi o nome do bandeirante paulista considerado como o descobridor e o primeiro a<br />
explorar o ouro no local.<br />
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