23.01.2017 Views

livro_atas

livro_atas

livro_atas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

processo educativo, mas é, antes de tudo, um recurso, um instrumento, um parceiro do professor<br />

na prática educativa.” (p. 37)<br />

O espaço pode favorecer ou limitar as aprendizagens, dependendo da maneira como<br />

está organizado, como e para quem foi pensado e estruturado. Assim, em função de sua<br />

organização, constituirá ou não um determinado ambiente de aprendizagem que conduzirá o<br />

desenvolvimento do trabalho e as aprendizagens que ocorrem neste cenário.<br />

Horn (2004: p. 15) entende que “[...] o modo como organizamos materiais e móveis, e a<br />

forma como crianças e adultos ocupam esse espaço e como interagem com ele são reveladores<br />

de uma concepção pedagógica”.<br />

Se for feita uma retomada da história da educação, concluiremos que os espaços foram<br />

se construindo com o objetivo de controlar a disciplina. Frago (1998: p. 79) lembra que Foucault,<br />

especificamente na obra Vigiar e Punir, “[...] caracteriza a escola, limitada a um espaço fechado,<br />

junto a outras instituições disciplinares, de dominação e de controle, tais como quartéis, hospitais<br />

ou cárceres.”<br />

Nessa perspectiva, as salas de aula se caracterizam como um compartimento fechado,<br />

somente com a possibilidade de visualizar o espaço externo através de janelas altas ou um<br />

simples visor na porta. O objetivo é vigiar as ações que acontecem dentro desse espaço e<br />

garantir sua iluminação.<br />

Não permitir que as crianças se movimentem nos espaços escolares e façam as suas<br />

escolhas de objetos e de parceiros, impedindo sua expansão nas múltiplas dimensões – física,<br />

psicológica, intelectual e social – pode implicar em ignorar a necessidade de garantir situações<br />

que favoreçam o desenvolvimento integral da criança.<br />

Desse modo, mesas e cadeiras dispostas uma atrás da outra impedem o encontro, o<br />

olho no olho, o toque, aspectos fundamentais para o desenvolvimento das crianças. Se<br />

acreditarmos na ideia de que as crianças necessitam de interações para se desenvolver, a forma<br />

como os móveis e objetos são dispostos na sala de aula se tornam fatores determinantes para<br />

esse desenvolvimento.<br />

A valorização dos espaços está diretamente ligada à criação de um ambiente favorável<br />

às manifestações das crianças, por meio da maneira como o mobiliário e os materiais são<br />

dispostos e como tais objetos as convidam a inventar possibilidades, criar cenários, construir<br />

significados e ressignificados, garantindo a flexibilidade do espaço.<br />

A atuação do professor frente a esse ambiente exige o olhar atento às necessidades<br />

infantis, observando e escutando as crianças que ali estão presentes para, assim, organizar o<br />

espaço de acordo com intencionalidade educativa que respeite as crianças como sujeitos de<br />

direitos, pois, ao considerar a criança ativa, exploradora e criadora de sentidos, é necessário<br />

pensar em espaços que estimulem a criação e a autonomia, assegurem diversas formas de<br />

manifestações e relações, garantindo as possibilidades expressivas das diferentes linguagens.<br />

Kinney e Wharton (2009) apontam para a reflexão sobre a pedagogia da escuta: a<br />

reflexão sobre os métodos de escutar tem ressignificado as práticas pedagógicas dos<br />

professores e uma apreciação do que significa escutar. Propõe aos professores oportunizar que<br />

as crianças tenham seus direitos garantidos; diante disso, o professor necessita encontrar o<br />

equilíbrio entre a fala e a escuta e considerar o potencial de todas as crianças, seus<br />

entendimentos e suas visões de mundo.<br />

Pode-se afirmar que organizar os espaços da sala de referência da turma, tendo como<br />

foco o desenvolvimento e a aprendizagem da criança, é um processo complexo que exige<br />

formação e reflexão, dentro de um movimento de idas e vindas, no qual professores e crianças<br />

atuam juntos, na perspectiva de abrir novas possibilidades.<br />

Os percursos e os aprendizados desta investigação<br />

Esta investigação ocorreu no município de Araçatuba, situado a noroeste do Estado de<br />

São Paulo, Brasil. O município conta aproximadamente com 190 mil habitantes. Atualmente,<br />

Araçatuba possui um sistema municipal de educação com 32 instituições de Educação Infantil,<br />

24 de Ensino Fundamental e 04, situadas na zona rural, que atendem tanto à Educação Infantil<br />

como ao Ensino Fundamental, totalizando 60 instituições que recebem cerca de 14 mil alunos,<br />

com idade a partir de quatro meses aos dez anos.<br />

O objetivo geral da pesquisa foi investigar, em relação à proposta "Fazer em Cantos",<br />

como a organização dos espaços da sala de referência da turma retrata as intencionalidades<br />

educativas, as ações, os acertos e as dificuldades dos professores. Quanto aos objetivos<br />

específicos, buscamos: analisar a relevância da organização dos espaços das instituições de<br />

282

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!