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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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Aí vamos perceber que o argumento de Florestan, do pessoal da USP, com o qual estou<br />

obviamente identificado afirmava que só se apanhava a singularidade deste país se se<br />

conseguisse captar os grandes processos e tendências que estão subjacentes. E o Guerreiro,<br />

na perspectiva do Iseb queria pegar a singularidade do momento.<br />

Acho que a questão fundamental está na visão do atraso, em suas dimensões diferentes.<br />

O atraso para um pode ser resolvido a partir de um processo que é linear e a resposta da<br />

USP é que não há um remédio tão direto e imediato para isto.<br />

O pessoal da USP, refiro-me à equipe de Florestan, tem uma luta constante com a idéia de<br />

modernização. A questão da Nação, da capacidade da sociedade lidar com aqueles<br />

processos que lhes são subjacentes. Gramsci entrou depois. A questão da hegemonia estava<br />

implícita, mas ninguém a colocava nestes termos. É curioso. Na Argentina Gramsci foi<br />

incorporado nos anos 40. No Brasil foi aos anos 70, na resistência à ditadura. Houve quem,<br />

na época, insinuasse que o Gramsci entrava para dar uma espécie de verniz para se discutir<br />

o marxismo. Gramsci entrou no movimento de constituição de formas de pensar e resistir<br />

ao regime militar. Na Argentina tinha sido incorporado muito mais organicamente. Então,<br />

no debate dos anos 50 para 60, o conceito de hegemonia não estava disponível, nem no<br />

ISEB, nem na USP. Mas, havia a questão subjacente. A questão lembra a do Weber: como<br />

constituir a Alemanha como uma potência real? Uma nação integrada, capaz de fazer<br />

diferença na escala mundial? É um problema que estávamos enfrentando aqui. É curioso<br />

como Weber seria uma figura de referência, no entanto, ele não apareceu, naquele debate<br />

ele não apareceu. Não que as pessoas o ignorassem. Dos dois lados havia figura de grande<br />

gabarito. O Hélio Jaguaribe estava sempre atento a tudo, leu tudo.<br />

Já estava em germe na crise do ISEB de 1958, nas reflexões, que depois na teoria da<br />

dependência Fernando Henrique vai explicitar melhor: a questão da positividade do<br />

capital nacional. O ISEB fez a aposta na nação.<br />

É uma aposta que ainda pode ser boa, se não a mesma, mas, algo assim. A discussão<br />

paulista chegou ao ápice com o Ianni, praticamente descaracterizando o papel histórico do<br />

Estado nacional na etapa contemporânea da globalização. Isto é uma ilusão. Não dá mais<br />

para apostar nisto, tem-se de pensar em outros mecanismos, outras tendências. Não sei se<br />

no calor da hora Ianni não forçou um pouco a barra. O que é ótimo quando se está entrando<br />

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