18.04.2013 Views

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Bourdieu é tão importante quanto Adorno?<br />

Eu acho. Tão importante quanto a de Adorno, e hoje, com muito mais impacto que a de<br />

Adorno, porque os adornianos sempre fizeram ensaios. Nunca escreveram monografias. Os<br />

ensaios são todos em torno de obras prontas, e portanto, nunca elaboram argumentos, como<br />

estamos acostumados a trabalhar. Discuto bastante este tema como Roberto Schwartz. Ele<br />

é filho de um casal de alemães imigrantes que não sabia português. Veio para o Brasil, mas,<br />

foi educado o tempo todo falando alemão e muito distante da vida intelectual brasileira. Eu<br />

acho que isto é um elemento definidor de sua obra. Porque só com estas características é<br />

que se poderia fazer esta obra. Ela não é independente destas constrições. Eu acho que ele<br />

sabe disto na prática.<br />

A existência social determina a consciência?<br />

É. De todo mundo. Isto não diminui em nada o seu trabalho, mas, tentar explicar<br />

idealisticamente de que é a explicação adorniana que está aí dando uma tonalidade, uma cor<br />

diferente à compreensão da vida intelectual brasileira, não. Não é isto. Seria preciso fazer<br />

uma análise das análises dele sobre o Machado porque em sua narrativa, é como se<br />

analisasse só o Machado. O Leopoldo mostra em sua tese, onde compara a interpretação do<br />

Faoro e do Roberto, que na verdade, a explicação final não é tão diferente. É<br />

completamente idêntica. A explicação que o Faoro dá da obra do Machado é exatamente a<br />

mesma do Roberto. O caminho é que é completamente diferente. Mas, o conteúdo e a<br />

expressão final são idênticos. Acho o trabalho de Roberto mais interessante do que o do<br />

Faoro. Muito mais tracejado, muito mais matizado, menos brutalista. Não vejo interesse<br />

nenhum no trabalho de Paulo Arantes porque vem tudo de sua cabeça. Ele inventa tudo.<br />

Nada resiste, não há obstáculos para a sua versão. Livre pensar é só pensar. São muitas as<br />

imagens públicas com que os intelectuais trabalham. A Sociologia é denunciada como a<br />

rainha dos reducionismos; sobretudo sobre a atividade cultural. Porque aí parece o máximo<br />

do reducionismo.<br />

Ela acaba com a idéia de vocação.<br />

De vocação, de qualidade, de excelência, da superioridade, da genialidade. É isto aí. E os<br />

intelectuais não gostam disto. Todos nós somos vaidosos. Às vezes isto passa para a esfera<br />

cognitiva de um modo através de conceitos. Mas, acho que nem o Bourdieu estava isento<br />

237

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!