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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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que foi a Lúcia, Aspásia que fizeram a entrevista. Era um homem interessante. Como<br />

redator-chefe do Correio, ele acompanhou a crise toda do Correio da Manhã. Eu assisti tudo<br />

isto da minha casa. Vou dar só um exemplo para mostrar como tudo isto teve importância.<br />

Na casa de minha avó, onde ele morava, em Santa Tereza – nós morávamos todos perto uns<br />

dos outros – tinha muito telefonema, e teve uma época, antes de ele ser redator-chefe, em<br />

que ele trabalhou como repórter do Correio na Prefeitura, com o prefeito. Eram telefonemas<br />

para baixo e para cima, coisa brasileira, não é? Favores, contatos, remoção de funcionários.<br />

O dia inteiro era aquilo. Um dos testes que ele fazia com os sobrinhos era o seguinte: ele<br />

era responsável por estes suertos aí, como tem na página, cadernos, painel. Ele tinha<br />

suertos assim que eram textos de comentários políticos, que vários escreviam, ele, Calado,e<br />

outros. O teste para nós era descobrirmos, pelo estilo, quem havia escrito cada um deles.<br />

Aparentemente é uma bobagem, mas, a gente gostava daquilo. Eu especialmente gostava<br />

muito Eu era também muito ligado a ele porque ele era muito envolvido com a política, e, o<br />

tempo todo na casa, havia discussão política. Em relação à Prefeitura, ao Governo do<br />

Estado, ele era um homem antenado. Ele não lia muito. Mas era interessado, lia vários<br />

jornais e discutia política, o tempo inteiro. Ele valorizava muito o lado cultural e quando<br />

minha mãe dizia “não posso mais”, ele respondia, não tem nada que não se possa.<br />

Ele então deu muito apoio a vocês todos?<br />

Tanto assim que é isso que explica a minha educação. Eu estudei no São Bento, que era um<br />

Colégio de elite, estudei no Andrews, outro Colégio de elite. E fui para a PUC que era uma<br />

Universidade privada. Claro que a minha mãe e o meu pai seguravam, mas, ele segurava<br />

mais do que tudo.<br />

E a família do seu pai?<br />

Era uma gente de Rezende, Barra do Pirai, que tinha umas terras, um hotel imenso. Quando<br />

o pai dele morreu – nós todos assistimos a sua morte em uma casa grande em Santa Tereza,<br />

perto da igreja - eles já tinham praticamente perdido tudo. Meu avô tentou gravar algumas<br />

terras em nome dos netos, mas meu pai vendeu tudo. Ele conseguiu desgravar aquele<br />

negócio, judicialmente.<br />

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