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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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com as religiões africanas. O projeto seguinte era sobre a imagem da religião. Procópio<br />

queria estudar não só a mensagem que a religião produzia e como esta mensagem era<br />

arcaica, progressiva ou moderna ou retrograda, mas, como esta mensagem, por sua vez, se<br />

produzia na Imprensa, por exemplo, e se transformava em imagem, e se projetava em uma<br />

certa visão que se tinha da Igreja brasileira na época. Eu era estudante de mestrado e tinha<br />

meus alunos de USP e através dos meus amigos conheci o Flávio Pierucci que tinha<br />

acabado de chegar de Roma. O Procópio queria ter nesta equipe que eu estava montando,<br />

alguém que entendesse de catolicismo, no pormenor. Alguém que tivesse uma formação<br />

sobre o Vaticano. Contratamos o Flávio.<br />

O Flávio tem uma grande formação, e inclusive, conhece muito a institucionalização da<br />

Igreja.<br />

Ele tinha voltado de Roma, depois de três ou quatro anos na Universidade Gregoriana, onde<br />

fazia um doutorado em Teologia. Tendo rompido com a carreira religiosa acabou indo para<br />

o CEBRAP, na nossa turma, e a partir daí definiu também a sua carreira, fazendo Ciências<br />

Sociais. Como havia uma insistência no quadro do CEBRAP para que eu me dedicasse à<br />

Metodologia acabei fazendo mestrado na USP com a Aparecida Joli Gouveia que era quem<br />

entendia do assunto. Trabalhava nesta parte de metodologia, embora o conteúdo<br />

substantivo dos meus trabalhos fosse sobre a religião. Como dissertação de mestrado fiz um<br />

estudo sobre o que aconteceu com a Revista A Família Cristã entre 1940 e 1970. Isto<br />

permitiu mostrar como a Igreja tinha mudado sua mensagem, como os valores que eram no<br />

início totalmente religiosos foram sendo substituídos por valores originários de fontes não<br />

religiosas, como valores científicos, valores técnicos e como a própria orientação da Igreja<br />

em termos de comportamento ia se esvaziando. Antes o fiel não fazia as coisas porque era<br />

pecado, depois podia fazer porque a psicologia mostrava que era saudável, porque a<br />

pedagogia mostrava que não se podia castigar os filhos, etc. Tudo isto fazia parte do meu<br />

mestrado que era um sub-projeto do “projetão” do CEBRAP. É um trabalho feito com<br />

muito cálculo, muita estatística. Publiquei pela Pioneira com o nome de Catolicismo e<br />

Família, transformação de uma ideologia. Mas, tudo com análise de regressão, teste de (?),<br />

tudo feito à unha porque naquela época não existia micro-computação. Existia a macrocomputação<br />

para grandes tabulações e não para cálculos. Mas, eu tinha máquinas muito<br />

modernas no CEBRAP e importadas. Um computador HP e conseguia fazer 16 cálculos<br />

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