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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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quando o Sérgio Miceli escreve o prefácio do meu livro Metrópole e Cultura, ele diz que é<br />

um ensaio adorniano, coisa que nunca imaginei. Aliás, acho que concretamente, do Adorno<br />

o trabalho tem uma única citação, no fim da introdução, quando afirmo que aquilo é um<br />

ensaio. Agora, ultimamente, estou começando a achar que, de fato, quando a gente recebe<br />

uma formação aquilo se torna parte da gente. Fica lá dentro, e não se sabe mais distinguir o<br />

que é do autor, o que seu. Embora essa formação adorniana tenha sido muito importante,<br />

hoje trabalho com outros autores também. Por que acho importante a formação<br />

frankfurtiana e por que razão este curso de Gabriel Cohn foi decisivo? O curso dado por<br />

ele, na verdade, não era sobre a Escola de Frankfurt, e sim sobre a Sociologia da<br />

Comunicação de Massa, onde o tratamento de Frankfurt era essencial, por causa da<br />

discussão da indústria cultural. Mas, aquilo era fundamental naquele momento,por vários<br />

motivos. Um deles era porque se tratava de um momento de domínio do marxismo, mas de<br />

um marxismo de cartilha. Na minha geração há Marta Hamnerck, aquela exposição<br />

esquemática. Nós rejeitávamos aquilo, naturalmente, também ficávamos sem saída. Ainda<br />

mais com uma geração como a minha, muito politizada. Então, ler os frankfurtianos é ficar<br />

no âmbito do mesmo universo de discussão, mas, rejeitando qualquer possibilidade de<br />

esquematismo. Isto era muito importante e foi essencial na minha geração.<br />

Mas, você também não acha que o contexto levou a que Gabriel Cohn explorasse esta<br />

questão, na medida em que trazer os frankfurtianos seria trazer novos conceitos para<br />

pensar a media no Brasil no momento de grande censura?<br />

Certamente, não tenho dúvida. Eu ia desenvolver este ponto mais adiante. A outra questão<br />

era a constituição do sistema da indústria cultural no Brasil. Então, estávamos vivendo uma<br />

grande mudança, como se o Brasil inteiro estivesse se transformando e rapidamente! Então,<br />

como dar conta deste processo? Esta era uma questão importantíssima. Aí, ouvi dizer, não<br />

sei se isto está correto, mas, o professor Octavio Ianni havia chamado a atenção do Gabriel<br />

Cohn de que este era um tema central naquele momento. O Gabriel começou a discutir o<br />

problema e deu um curso Sociologia da Comunicação, através do qual entramos em contato<br />

com a literatura de Frankfurt, sobretudo Adorno. Isto era uma questão importante, pela<br />

emergência dos chamados fenômenos da cultura a um ponto que em certas correntes de<br />

pensamento vivemos o excesso do simbólico. Frankfurt era importante porque para o<br />

entendimento da dinâmica da sociedade do chamado capitalismo tardio, a análise da cultura<br />

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