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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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escolhas se assim o desejarem. Quer dizer, elas ainda não se rotularam, por exemplo, como<br />

adeptas de técnicas quantitativas ou qualitativas de análise. E são adequadamente expostas<br />

a umas e outras.<br />

Comparando com os alunos argentinos a diferença também é enorme. Eles têm mais<br />

cultura geral ...<br />

Primeiro, eles trabalham mais sistematicamente. Aprenderam a ser metódicos. Estou<br />

falando aqui de diferentes lugares dos Estados Unidos, mas também da Alemanha.. Os<br />

alunos são muito mais metódicos, disciplinados e, em certo sentido, mais respeitosos. Se<br />

eles são críticos, eles o são de uma maneira muito mais cuidadosa, mais fundamentada, em<br />

relação aos autores criticados. Em diversos lugares que já dei aula ou fiz palestras no<br />

Brasil, os alunos, até mesmo de pós-graduação, entram e saem da sala de aula quando<br />

querem, recebem chamadas telefônicas, enfim, há diversas manifestações de má-educação.<br />

É como se dessem pouco valor ao conhecimento que você transmite a eles.<br />

Os alunos não têm noção que a sala de aula seja um espaço público. Eles se comportam<br />

como se estivessem em suas casas. Conversam, saem na hora que querem. Isso tem a ver<br />

com o processo político mais amplo.<br />

Eu uso às vêzes a discussão sobre cidadania, sobre a questão da reciprocidade entre<br />

direitos e deveres, para ver se eles percebem o problema, mas, é difícil. Acho que tem a<br />

ver com o processo político mais amplo: a idéia de regra, norma, lei, é confundida com<br />

autoritarismo, com ditadura.<br />

Voltemos ao tema de seu livro e à idéia de articular solidariedade, autoridade e interesse,<br />

ou competição.<br />

Toda a sociedade tem de resolver esses problemas de alguma forma. Algumas foram mais<br />

bem sucedidas, outras menos, mas, são desafios que estão aí. Temos de manter a ordem<br />

social, tornar a sociedade possível. Mesmo no Rio onde a desordem reina, há alguma<br />

ordem, de alguma forma as pessoas convivem. Elas integram seus interesses, por mais<br />

variáveis que esses sejam. O que a Ciência Social deveria e poderia, talvez, fazer, seria<br />

melhorar a qualidade desta interação. Mas, é difícil e isto me preocupa muito. Minha<br />

preocupação é política, mas, é muito teórica também. Há alguns anos estou estudando<br />

desigualdade porque quero entender como uma sociedade tão desigual não explode. Por<br />

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