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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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Ortega y Gasset escrevia semanalmente para o La Nación. Na revolução espanhola<br />

houve uma migração importante para a Argentina e para o México.<br />

O Brasil é muito fora deste jogo. Nosso jogo aqui é outro, é com a França.<br />

Você estuda os intelectuais. Como você pensa o intelectual?<br />

Embora eu esteja mudando há um padrão. Sempre estou indagando como é possível a vida<br />

intelectual, como ela se viabiliza, como é a relação dos intelectuais dentro da vida<br />

intelectual. A grande diferença entre meu trabalho e o de outros sobre intelectuais no Brasil<br />

e que todos estes trabalhos acham que a vida intelectual, no limite, não tem nenhuma<br />

densidade própria. Não merece, por isto, ser estudada. Eu já acho completamente diferente.<br />

O mundo intelectual tem vida própria. A grande ênfase de meu trabalho é tentar insistir na<br />

morfologia interna da atividade literária, artística, as influências, a formação, o diálogo<br />

interno, a linguagem. Porque isto é que dá carne à vida intelectual. Quando fiz os<br />

intelectuais, eu tinha na cabeça o que Christophe Charles estava fazendo para a França; o<br />

que o Williams tinha feito para a Inglaterra, o que Ringer fez para a Alemanha, a análise de<br />

Elias sobre Mozart, etc. Todos estão pensando as tradições culturais e intelectuais em<br />

relação a tradições nacionais. o<br />

Em nenhum momento você atribui missão ao intelectual, não é?<br />

Não. Eu acho que os intelectuais adoram pensar nisto. É um estribo importante também da<br />

vida intelectual. É preciso levar a sério as missões que eles mesmos se dão. É preciso levar<br />

a sério, ma non tropo. Quando éramos mais jovens achávamos que tínhamos uma missão.<br />

Quando eu entrei na Faculdade já fui aliciado, e já levava documento para a Rádio Nacional<br />

para difundir... Aquilo era ação política. A gente achava que estava ali no jogo, não é? Mas,<br />

não acho que dê para explicar o intelectual por racionalizações.<br />

Na visão de Gramsci, o intelectual tem papel orgânico.<br />

Mas, então, ele vê o intelectual como uma espécie de porta voz que sente na pele, de modo<br />

quase epidérmico, demandas de grupos sociais concretos. Mas, eu acho que esta tese é<br />

muito difícil de ser mantida quando a vida intelectual começa a se adensar e a complicar.<br />

Quando a vida intelectual começa a ter um jogo próprio de símbolos, de linguagem, de<br />

contenciosos, de diálogo, esses ligamentos também se esvaem. Ela começa a criar o seu<br />

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