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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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ano de Faculdade me ofereceram uma bolsa em um instituto chileno, que eu nem sabia<br />

exatamente o que era. Deram-me uma bolsa para estudar e eu aceitei. Era no ILADES,<br />

Instituto Latino-americano de Doutrina e Estudos Sociais. Era um instituto católico e isso à<br />

época me deixou bem chateada. Ameacei voltar assim que cheguei, mas, acabei me<br />

adaptando muito bem. Era um curso criado pelos jesuítas para formação de lideranças na<br />

América Latina, com dois níveis. Um visava formar líderes sindicais . O segundo nível era<br />

para pessoal já mais avançado, que tinha terminado a graduação. Era um curso de<br />

especialização em Sociologia do Desenvolvimento. Foi este que fiz, e já comecei a<br />

trabalhando como monitora no curso das lideranças sindicais.<br />

Era ligado à Democracia Cristã?<br />

Era ligado à Democracia Cristã movendo-se mais e mais à esquerda. O Instituto era de<br />

jesuítas com o apoio de fundações católicas alemãs, que financiavam nossas bolsas. E com<br />

o processo de polarização política do Chile, diversos professores dos leigos estavam<br />

migrando para o Partido Comunista ou outros partidos. Outros deixaram a Igreja, nesta<br />

época. Era uma coisa muito palpitante, com muito debate. Muita gente que saiu dali<br />

integrou depois o ministério de Allende, alguns, muito mais tarde, o Ministério da<br />

Redemocratização. E do pessoal do curso de liderança sindical que estava em um nível<br />

mais prático também saíram muitas figuras públicas na América Latina. Muita gente de lá<br />

chegou a ter muito peso na política na América Latina. Foi um curso muito bem sucedido o<br />

dos jesuítas. Era dirigido por uma pessoa muito famosa, especialista no pensamento de<br />

Marx que era o Padre Pierre Bigou. . Tínhamos lá cursos clássicos sobre teoria e outros.<br />

Outra pessoa de muito prestígio neste Instituto, era o alemão Franz Hinkellamert. . Havia<br />

também uma pessoa que foi Ministro da Justiça, no governo de transição, mas esse era meu<br />

colega de turma. E ambos éramos monitores de Teoria Sociológica. Passei todo o ano de<br />

1968 lá. Aí voltei direto para o Rio, e já com o projeto de colaborar com os jesuítas que<br />

estavam criando o IBRADES aqui no Rio. Foi o meu primeiro trabalho. Nessa época<br />

trabalhei também na PUC, onde fui apresentada pelo Bolívar Lamounier. Como o salário<br />

do IBRADES não era suficiente, pedi ajuda ao Bolívar, e ele me apresentou à chefe de<br />

departamento. Assim, consegui meu primeiro emprego de professora de Teoria<br />

Sociológica. Dei aulas na PUC-RJ durante uns três anos até ir embora para o doutorado<br />

nos Estados Unidos. Fui para o MIT. Mas, antes disto, fiz mestrado no IUPERJ, enquanto<br />

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