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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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Edgar Carone. Tive ainda vários cursos de economia, teoria de desenvolvimento econômico<br />

com o Bresser. Com estas disciplinas eu fui percebendo minha vontade de estudar ciências<br />

sociais e, ao mesmo tempo eu senti uma verdadeira travagem nas aulas de contabilidade. A<br />

única reprovação que eu tive aqui na F<strong>GV</strong> foi contabilidade. Então houve esse movimento<br />

que me levava a dar aula de história, a ler ciências sociais,. De um lado, eu me via indo<br />

bem nos cursos de ciências sociais e, de outro muito desgostoso com os cursos específicos<br />

de administração. Há um outro dado: nesse período fiz também o vestibular e entrei em<br />

Filosofia na USP. E comecei a fazer o curso de filosofia na USP, fiz só um semestre um<br />

curso com a Marilena Chaui. Mas, tive duas dificuldades que me impossibilitaram de<br />

continuar o curso de filosofia. A primeira era a incompatibilidade de trabalhar, fazer a<br />

F<strong>GV</strong>, que era um curso muito puxado e a USP. A segunda era a violenta pressão da<br />

ditadura militar sobre o curso da USP naquele período. Na sala de aula e a gente ficava, o<br />

tempo todo, olhando do lado para ver quem era o policial do lado. Havia um temor muito<br />

acentuado. Na F<strong>GV</strong>, por ser a escola que é e ter o peso da inserção social de seus alunos,<br />

havia mais liberdade para os professores de ciências sociais trabalharem com Weber,<br />

Durkeim, Marx. Estes autores eu comecei a aprender aqui <strong>GV</strong>. Na USP isto era mais<br />

difícil. Quando cheguei no quarto ano, em 1975, eu já tinha claro que queria fazer ciências<br />

sociais. Meus professores da <strong>GV</strong>, de algum modo, me ajudaram a preparar um projeto, pois<br />

nesse momento que eu tive duas opções: tentar o mestrado na USP ou na Unicamp. Em<br />

função de conversas que eu tive por indicações de colegas daqui eu acabei optando por<br />

fazer o mestrado de ciência política na Unicamp. Portanto, voltando à pergunta, é claro que<br />

minha trajetória foi de ruptura com relação ao projeto inicial. Lembro que eu cheguei a<br />

fazer teste para se trabalhar como estagiário na Ericsson. Nos primeiros meses minha<br />

vontade era para ir pro mundo do mercado. Mas, quando terminei o curso de graduação,<br />

estava claro para mim que ia fazer ciências sociais. Eu já era professor no cursinho e tinha.<br />

Aí tive muita sorte porque entrei na seleção do mestrado da Unicamp. Foi aí que eu<br />

comecei a definir minha trajetória de pesquisa. Quando eu entrei na Unicamp conheci o<br />

Décio Sales, que depois se tornou o meu orientador. Ele me disse que se eu quizesse<br />

estudar sociologia brasileira teria que rever Guerreiro Ramos, de modo a compreender a<br />

gênese dessa sociologia. Eu havia lido Florestan Fernandes, Fernando Henrique, os<br />

professores da USP, mas não conhecia aqueles autores que de algum modo tiveram<br />

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