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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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difícil porque o país é muito estimulante para uma presença nossa. Ele está sempre o tempo<br />

todo nos cobrando ou mesmo nos aliciando para fazer coisas, para que a gente saia dos<br />

departamentos.<br />

O seu discurso de posse na ANPOCs é exatamente a colocação deste problema. Quer<br />

dizer, em geral a ANPOCs trabalha dentro de limites do exercício de programas e você<br />

está dizendo que ela deveria ter uma outra vocação.<br />

Individualmente a gente acaba tendo. De qualquer forma está dado um perfil, que é anterior<br />

a minha geração. A minha geração o preservou e acho que, de algum modo, este perfil está<br />

se projetando para as gerações que estão chegando, não é? Este tipo de intelectual que<br />

combina a academia com o público, que é anfíbio. Que não vive só com o público, nem só<br />

na academia, mas, vive na interface destes dois mundos. Acho que a marca geracional foi<br />

esta. Nem todos cumpriram este itinerário. Mas, acho que passamos esta carga para a<br />

geração dos mais novos, que têm isto como uma referência positiva e pretendem chegar<br />

também a uma inscrição assemelhada. Não é uma danação ter esta marca. Não chegamos a<br />

este ponto de especialização que (?) a todo um departamento e entenda como uma coisa<br />

caída, a atividade pública. Por exemplo, diz-se que o departamento de Filosofia da USP<br />

cultiva. Que vê como caídos aqueles que cedem à tentação de ir ao público, enquanto que, a<br />

vida monástica é que deve ser preservada. Mas, acho que Ciências Sociais não tem esta<br />

cara. Os fundadores não foram assim. E as marcas de fundação importam. A troica paulista:<br />

Florestan, Fernando Henrique, Weffort. Os três têm linha direta. Um foi aluno de um e se<br />

mantiveram.<br />

Você acredita que ainda, no Brasil, há lugar para a ação de uma inteligência?<br />

Eu estou firmemente convencido, embora este não seja um elogio para qualquer país dizer<br />

que ele precisa de uma inteligência desenvolta, autônoma, porque mostra a franqueza da<br />

sociedade. Mas, é uma necessidade que, de algum modo, se responde.<br />

E neste sentido é uma singularidade da nossa situação.<br />

É uma singularidade.<br />

Então, aqui vai uma provocação. Quando perguntamos que autores o influenciaram,<br />

você disse indiretamente: eles não respondem totalmente as minhas angústias. Não é<br />

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