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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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Universidade. Ele tinha um compromisso e, por isso, combateu até o último alento a<br />

institucionalização das Ciências Sociais, nos moldes em que ela acabou se realizando. Ele tinha<br />

certeza de que esse tipo de institucionalização significaria impor às Ciências Sociais uma única<br />

agenda de pesquisa e de reflexão. A idéia da modernização das Ciências Sociais nesse período<br />

de horror que foi a Guerra Fria, na segunda metade do Século XX, significava introduzir no<br />

Brasil, através de ações institucionais, o que se produzia nas universidades de origem anglosaxônica.<br />

Aliás, há um micro episódio comigo. A FLACSO recrutava jovens na América<br />

Latina inteira e lhes dava uma boa formação. Eram predominantemente selecionados jovens<br />

intelectuais de esquerda. Basta mencionar aquela brilhante turma de estudantes de Minas<br />

Gerais que escreviam na Revista Mosaico. Examinem os artigos de Simon Schwartzmann e<br />

Bolivar Lamounier e vejam o que era radicalismo. Vamos descobrir que sempre fomos<br />

moderados na vida. Bem, no recrutamento da FLACSO na USP, veio um professor<br />

norueguês(John Galton??). Ele fez uma entrevista comigo e propôs que eu fosse. Florestan me<br />

chamou e disse: “Você pode ir, mas aqui não volta mais”. Quer dizer, neste ponto parava a<br />

tolerância deles, porque estavam tentando criar uma configuração própria de Sociologia crítica,<br />

fora dos padrões hegemônicos que se formavam na época.<br />

Os dois grandes programas que acabam se conformando a este modelo, criado pela<br />

Legislação de 1967, foram o do IUPERJ e o do Museu Nacional. A USP que já tinha um<br />

modelo distinto de pós-graduação só vai se enquadrar mais tarde às exigências da CAPES.<br />

Eu tenho um mal estar em relação à USP. Acho que ela aderiu demais. Aderiu demais como<br />

instituição às diretrizes federais, na época. Acho que a USP tinha peso para dizer, sou um<br />

interlocutor, não sou simples subordinado. Ela entrou de cabeça. Atualmente, ela não tem<br />

autonomia em relação ao que a CAPES e outras agências prescrevem. Acho que este foi um<br />

grave erro. De modo geral, acho que o Fausto Castilho tem razão quando diz que a nossa<br />

Universidade, especialmente a USP, cometeu erro de origem que simplesmente a liquidou. O<br />

erro na formação da Universidade foi incorporar as escolas profissionais, as escolas técnicas,<br />

tais como Direito, Politécnica, Medicina. Com razão, Fausto Castilho indica que, se<br />

seguíssemos o modelo alemão, isso não se daria Na Alemanha, a Medicina é uma escola<br />

superior profissional. E a Universidade é o centro da grande pesquisa, da grande reflexão.<br />

Como nós jogamos isto em torno de um único núcleo, a Faculdade de Filosofia ela acabou não<br />

suportando o peso daqueles “monstros” e, depois de algumas décadas, sucumbiu ao peso<br />

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