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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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E como marcar essas diferenças?<br />

Uma das diferenças está no modo de produção da vida intelectual. Nisso as áreas são<br />

diversas. E sem este respeito pelas diferenças não temos uma avaliação adequada. Mas<br />

ocorre que configurase um campo de disputa, não só de disputa de poder das áreas<br />

disciplinares, mas, também de recursos. E quanto mais os recursos são escassos, mais a<br />

disputa é complicada. O que eu fiz enquanto ocupei esta posição na CAPES, foram<br />

algumas coisas do ponto de vista de comportamento. Primeiro qual papel do representante<br />

da área de Sociologia? Foi desenvolver maior esforço possível para acabar com<br />

preconceitos, evitar classificações prévias. Fiz esse esforço junto a um Comitê maravilhoso.<br />

Convivíamos muito bem. Ficamos amigos, tive parceiros naqueles anos todos. Tentamos<br />

olhar com a maior tranqüilidade possível, sem que estes preconceitos informassem,<br />

imediatamente, as nossas decisões. O fato de eu não ser paulista, mas, vir de uma<br />

instituição paulista, acho que ajudou. Porque nunca achei que São Paulo fosse o centro do<br />

Brasil. Tenho certeza de que é o Estado hegemônico, mas, nunca o centro do Brasil! Há<br />

muito mais coisas que se passam neste país, fora São Paulo. Pudemos fazer algumas coisas.<br />

Não podíamos fazer uma avaliação qualitativa estrita, porque é uma área enorme, mas,<br />

fizemos algumas alterações importantes. Por exemplo pusemos o livro como a produção<br />

intelectual com maior peso. Não adianta falar que é o artigo, nós sabemos que o mais difícil<br />

na área de Ciências Sociais é fazer um livro. Este tipo de atividade intelectual pressupõe<br />

esta reflexão de mais fôlego. Outra coisa: tínhamos de pensar a publicação em um nível<br />

internacional. No entanto, não é porque tratamos de temas brasileiros. É também! Para ser<br />

uma Ciência Social de fato, ela tem de estar voltada para a sua sociedade! Nós temos um<br />

sistema intelectual que se instituiu assim, corretamente, e até tem perdido força porque tem<br />

uma tendência a esquecer esta sua raiz. O intelectual que não pensa o seu país, se ele for só<br />

um estrangeirado, está perdido! Estrangeirado no sentido em que ele só está voltado para<br />

reflexão externa. Isto põe limite ao tipo de publicação, e ao tipo de reflexão. Porque foi<br />

assim que se instituiu nosso sistema intelectual! Uma intelectualidade comprometida, de<br />

fato! Não se pode fazer uma avaliação fazendo tabula rasa das determinações. Isto foi uma<br />

outra coisa com que lidávamos, e acho que é importante com a referência à circulação<br />

internacional. Tínhamos de medir esta conexão internacional de outra maneira. Por<br />

exemplo, a mim não seduz nada a idéia de que as publicações são internacionais porque<br />

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