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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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armada, a luta política. Mas, não tinha a menor audiência. Então, toda manifestação de<br />

1968, eu participei na contra-mão. O povo organizado derruba a ditadura e o outro era o<br />

povo armado derruba a ditadura. Era a palavra de ordem dominante.<br />

Havia um processo de crítica interna?<br />

Por parte dos colegas sim. Estabeleciam-se dois campos. Enfim, eles estavam acostumados<br />

com briga, de modo que eles pediam o valor que quisessem e eu falava o que queria.<br />

Sua obra sobre o sindicalismo tem a ver com isto?<br />

Tudo tem a ver com tudo isto. Nunca parti de livro para a realidade, foi sempre o oposto.<br />

Sempre fui ao livro para ver se conseguia resolver algum tipo de problema que eu estava<br />

identificando. E isto persiste, é a minha marca. Sai do aqui e agora para estudar. Claro que<br />

ao longo deste tempo fui assumindo uma identidade mais definida. Mais definida não é<br />

verdade, mas, eu fui também me identificando com papéis acadêmicos. Uma linha reta na<br />

minha vida. Só na atividade pública. No mais é em zigue-zague. O que definiu mesmo<br />

identidade, meu caminho, foi a inserção na vida pública. Primeiro, deliberada, porque a<br />

vida pública não me pegou. Eu é que fui atrás dela.<br />

Você está se referindo à vida pública à questão do partido?<br />

É isto. Tem a ver com toda. Quando eu saio da cadeia em 1971, eu não tinha nem eira, nem<br />

beira. Fiquei seis meses preso. Não estava mais na PUC. Os colegas do Rio me disseram<br />

para vir advogar aqui no Rio. E eu fui. Tive uma chamada para um caso de maconha,<br />

décima quarta delegacia do Leblon. Ao chegar lá eu me sentia muito mais dentro da cadeia<br />

do que fora dela. Eu disse para mim: chega. Fiquei por aqui, e aí, me ligaram de São Paulo.<br />

Eu tinha amigos lá da época em que tinha ficado escondido Fiz grandes amizades lá. Lá<br />

também era para advogar. Estava em São Paulo e soube que o Carlos Estevão Martins<br />

estava querendo que eu fosse procurá-lo. Eu o conheci no CPC. Fui procurá-lo. Toquei a<br />

campainha e nada de atender. Eu estava com uma vergonha danada. Quando eu já ia indo<br />

embora, o Estevão veio atender. Oh. Werneck, me deu um abraço. Como está? Eu disse,<br />

estou sem emprego. Ele pegou o paletó, e disse, espera aí. Vamos à casa do Fernando<br />

Henrique. Fomos lá. Segundo a palavra do Fernando, está empregado. Mas, ele olhou para<br />

mim. Você quer uma coisa mais acadêmica? Eu disse quero. Ele disse então, está bem.<br />

Vamos fazer uma Enciclopédia da Abril lá no CEBRAP, você vai lá com o Cândido<br />

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