18.04.2013 Views

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

No caso do Fernando Henrique tinha uma interlocução direta com a CEPAL. O que não<br />

acontecia com Florestan.<br />

Esta experiência na CEPAL foi fundamental para Fernando Henrique, pela fecundação<br />

junto com o pessoal latino-americano. O Florestan tinha uma visão muito peculiar. Contase<br />

que certa vez uma pessoa perguntou ao Florestan porque ele não ia aos Estados Unidos<br />

conversar com o Etzioni. E Florestan respondeu: eu conheço a sua obra e estou<br />

satisfeito com o que leio, não estou interessado em conhecê-lo pessoalmente. Aliás, eu<br />

soube que, depois, quando Florestan esteve no Canadá, eles tiveram um contato e Florestan<br />

não gostou Ele achava que o contato com o texto produzido era suficiente.<br />

Na dimensão persuasiva o contato tête-à-tête ajuda para uma pessoa como Fernando<br />

Henrique...<br />

Mas, aí é outro estilo. O Fernando Henrique é uma pessoa que consegue captar o que está<br />

emergindo, com uma inteligência intuitiva de primeira linha. Ele percebe, dá forma e vai<br />

para a linha de frente do debate. Quando percebe que o tema está perdendo espaço, começa<br />

a recuar. A teoria da dependência foi modelar. Quando ele percebeu que ela estava<br />

perdendo força, que se começava a falar em padrão de acumulação, algo meio misterioso na<br />

época, ele começou a recuar. O Florestan não era assim. Não que ele não tivesse intuição.<br />

É outro estilo. Ele era ruminante. Não estava na linha de frente. Ficava impulsionando seus<br />

ajudantes. Ele tinha um modo de fazer ciência, de estar presente. Florestan e Fernando<br />

Henrique são estilos totalmente diferentes. Quem dá o tom é o sprinter, o cara dos cem<br />

metros. Mas, quem deixa a obra que vai durar décadas é o ruminante. Sem a menor<br />

intenção de desqualificação intelectual, não tenho dúvida de que a Revolução Burguesa no<br />

Brasil vai durar mais do que teoria da Dedependência. Aquela é uma obra monumental e<br />

esta última é trabalho de grande talento, eles se completavam. Eu não conheci o Enzo<br />

Faletto, mas dizem que era um talento, uma figura espantosa para dar forma a idéias meio<br />

difusas.<br />

A idéia de Estado-Nação, tão cara nestes debates sobre a teoria da dependência, sobre a<br />

revolução burguesa e que supõe a idéia de classe para constituir a Nação, etc. pode ser<br />

projeto viável a ser retomado hoje no Brasil?<br />

98

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!