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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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Há uma tese de que a Sociologia da USP não enfatizava essa questão do Estado-Nação<br />

tão forte quanto o ISEB. O BresserPereira destaca isso<br />

Isto é verdade. Na época havia na USP uma insistência restrita ao âmbito nacional, mas que<br />

alertava para que o analista não ficasse desatento ao fato de que os grandes processos se<br />

davam em escala muito maior. Era uma tentativa de introduzir, de alguma maneira, a<br />

grande discussão marxista que queria apanhar tendências que transcendiam, de longe, o<br />

nível conjuntural. Isto mantendo a atenção aos problemas ideológicos no âmbito nacional.<br />

Isso de fato mostra quão pouco a visão paulista, no debate com o pessoal do ISEB, estava<br />

envolvida em um projeto explícito de construção nacional, um grande projeto, por sinal. Foi<br />

levantado, muitas vezes, que o pessoal da USP foi injusto com o pessoal do ISEB, não<br />

percebeu sua importância. Não era bem uma desqualificação. Mas, havia uma diferença<br />

política de orientação.<br />

A grande diferença ficou reduzida ao debate do Florestan com Guerreiro Ramos.<br />

Guerreiro era um intelectual de valor. Não era do mesmo porte de Florestan, mas era um<br />

intelectual de valor. Naquele debate havia uma proposta, digamos, generosa do Guerreiro,<br />

mas, equivocada.<br />

O distanciamento dos dois não era tão grande.<br />

Quando se reconstrói o debate, as posições se cruzam..Eu quero reforçar o que a Elide<br />

dizia. O debate passava por todas as posições substantivas. Não é à toa que se faz a<br />

distinção USP e ISEB, porque eles, nas suas aproximações, nas suas diferenças traduzem<br />

muito o grande debate que ocorria na época. A referência à Nação à burguesia nacional.<br />

Existe uma burguesia nacional capaz de impulsionar um projeto de governo? O ISEB<br />

apostou nisso, e o Partido Comunista, na época, também. O pessoal da USP não apostou,<br />

disse que esta aposta não era a mais adequada.<br />

A teoria da dependência é o resultado mais completo desta aposta. Quando se pensa a<br />

teoria sociológica que está por trás, há um equívoco do Guerreiro Ramos sobre aquela<br />

discussão da Sociologia enlatada. Equívoco, porque a proposta da USP era pensar a<br />

singularidade do país, e como os elementos teóricos serviriam para dar conta disto.<br />

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