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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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para a Sociologia e fazer um curso de pós-graduação. Eu entrei em contato com uma instituição<br />

internacional mas, não foi possível fazê-lo por uma série de problemas políticos, principalmente<br />

em relação ao meu ex-marido, que foi preso, julgado e absolvido. Nos primeiros anos da década<br />

de 70, havia uma repercussão muito grande da ação daqueles membros do PC do B que estavam<br />

no Araguaia e eu fui procurada para prestar depoimento. Assim, nossas possibilidades de<br />

permanência no Brasil foram ficando restritas, inclusive do ponto de vista profissional, ainda que<br />

não tivéssemos ligações partidárias. Fomos para a Alemanha. Este pais não foi propriamente uma<br />

escolha, mas uma oportunidade que ocorreu, naquela época, quando um setor da Igreja Luterana<br />

abriu uma política em relação à América Latina para ajudar pessoas que tinham problemas<br />

políticos, principalmente no Brasil, Chile e na Argentina. Foi em uma dessas levas que sai do<br />

Brasil.<br />

Em que ano você foi para a Alemanha?<br />

Não sei precisar as datas. Em meados ou talvez final de 1974, quando já começava a abertura<br />

política no Brasil . Eu já tinha dois filhos pequenos e a imagem que tenho é que na Alemanha se<br />

gozava de uma grande liberdade, podia-se falar! Tive uma enorme alegria ao chegar lá, não me<br />

incomodava não saber falar a língua, de não saber bem o que ia acontecer. Passei seis meses na<br />

cidade de (?) que era onde a Igreja Luterana levava os jovens refugiados da América Latina e da<br />

Coréia do Sul.<br />

Você tinha anteriormente alguma ligação com a Igreja Luterana ?<br />

Não tinha nenhuma ligação. Foram amigos do Brasil que fizeram contatos para que nos<br />

pudéssemos sair daqui. A partir de um certo tempo, estando em uma cidade que fazia ligação<br />

entre Paris, Berlim e Bruxelas, resolvi voltar a estudar Sociologia. Fiz contato com o professor<br />

Hans ( ?), que havia assumido uma cátedra na Universidade de (?) em Nuremberg. E ai começou<br />

realmente minha vida acadêmica na Alemanha. Eu me inscrevi para os exames de língua e fiz<br />

uma solicitação para fazer doutoramento. O sistema na Alemanha é completamente diferente do<br />

modelo americano, pois se exige uma série de cursos para obter essa autorização. Vendo<br />

retrospectivamente vejo que eu me integrei completamente na cidade e na vida da universidade,<br />

embora fosse uma universidade conservadora. A cátedra era de estudos sociais, especialmente<br />

estudos sobre a América Latina. Tratava-se de um sistema ainda muito antigo, pois tínhamos aula<br />

somente com aquele professor que seria nosso orientador, na Faculdade de Ciência Política e<br />

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