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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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Também, foi difícil, devido à formação de Maria Isaura, muito diferente da que eu tinha tido,<br />

embora nos encontrássemos a respeito da discussão sobre a modernidade, sobre as diferenças<br />

culturais e históricas das diversas sociedades que compõem um conjunto moderno como é o<br />

Brasil. Embora tivéssemos essas afinidades, a maneira de trabalhar era inteiramente diferente. Era<br />

nossa discussão constante. O que aconteceu foi que acabei aprendendo muito com Maria Isaura,<br />

confesso que a duras penas. Terminei fazendo um trabalho sobre a década de 50, o que me<br />

interessou desde o primeiro momento. Fiz uma grande classificação do acervo de livros da<br />

Biblioteca Nacional, que me deu uma visão geral das idéias que eram discutidas pelas Ciências<br />

Sociais nessa década. Percebi, também , que havia historiadores, políticos antigos que<br />

continuavam publicando muito, e o leque era muito grande. Não existia uma só visão de<br />

desenvolvimento. Percebi, também, que a Sociologia e a Economia cresceram muito nesse<br />

período como campos de conhecimento, principalmente depois da segunda metade da década de<br />

50. A Historia e a Antropologia já tinham lastro anterior aos anos 50. A década de 50 também é<br />

diferente porque os novos intelectuais eram jovens que tinham passado por uma formação<br />

diferente daqueles antigos. Gostei muito da pesquisa e até hoje trabalho com estas questões. Dá<br />

para dizer que a Sociologia era o discurso explicativo do Brasil na década de 50.<br />

Ela vai ser substituída pela Economia como discurso explicativo, mas na década de 50<br />

conhecerá um período áureo. Em 30 ainda estai muito mesclada com História e Antropologia.<br />

É! Muito interessante. Acho que isso se dá até o final de 50. Depois a Economia vai tomando<br />

força pela circulação das idéias através de novos livros e revistas.<br />

Você acha que esse processo é resultado da institucionalização dos cursos de Ciências Sociais,<br />

no Rio de Janeiro e em São Paulo ?<br />

Porque muitos que vieram das primeiras turmas dos cursos em São Paulo e no Rio foram se<br />

espalhando ; de fato, eram os primeiros. Mas existiam, também trabalhos na Bahia, com Costa<br />

Pinto, em Pernambuco, no Instituto Joaquim Nabuco, em Minas, que vêm de outras pessoas que<br />

com certeza não tinham feito curso de Ciências Sociais.<br />

O próprio Gilberto Freyre dos anos 50 já é outro, não mais o da década de 30, de Casa-grande<br />

e de Sobrados. Ele é obrigado a discutir com uma nova produção sociológica brasileira.<br />

Sim, é muito curiosos isso. Em Como e porque sou e não sou sociólogo, que é um livro de 68, ele<br />

deixa entrever esse processo. O que eu acho importante e estou continuando a fazer agora, já com<br />

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