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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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Quais foram as principais influências nesta tese?<br />

A tese, a rigor, tem uma conclusão teórica. Não tem uma introdução teórica. Acho que já<br />

tinha lido Foucault, desde os anos 80, e foi muito mais as leituras sobre a história do<br />

campesinato europeu, sobre o Brasil, um pouco do Foucault, e a minha introjeção na USP,<br />

de Marx e Weber. Muito pouco Durkheim. Eu diria que a minha tese é de um diálogo<br />

múltiplo com os autores.<br />

O que tem de Weber nela?<br />

A idéia de legitimação, de dominação. O que eu li de Antropologia, na época, me levou a<br />

compreender a questão simbólica, aí (?) (?) foi muito interessante. Ele se dizia marxista,<br />

mas, trabalhava o simbólico o tempo todo. O nome da tese é Matuchos (o filho do gaúcho<br />

nascido no Mato Grosso) o Sonho da Terra. O que ficava evidente para mim é que não<br />

havia apenas determinação econômica e política, no fato de as pessoas mudarem de um<br />

Estado para outro. Havia uma série de componentes simbólicos, imaginários com relação às<br />

novas terras, ao Eldorado. Eu fiz, mais ou menos, cem entrevistas gravadas. Trabalhei<br />

muito com elas. Eu ficava em casa escrevendo e a tese tem 900 páginas, como se exigia<br />

para um doctorat d’etat, como era o meu, escritas diretamente em francês.<br />

Você publicou no Brasil?<br />

Publiquei pela Vozes. O título no Brasil é Matuchos, Exclusão e Luta.<br />

Você poderia agora sintetizar quais foram as grandes influências intelectuais no seu<br />

trabalho sociológico?<br />

Foi Marx, Sartre, o jovem Lukcas, a escola da USP. Depois, Foucault, Touraine, o primeiro<br />

e Bourdieu.<br />

E como é que você processou influências tão diversas...<br />

Pois é, eu sempre fiz isto Eu ia deglutindo estas pessoas. Uma vez, escrevi um texto que eu<br />

comento, o Métier du sociologue de Bourdieu e Fundamentos Empíricos da Explicação<br />

Sociológica do Florestan. O texto se chama Caminhos da Viagem Inversa, e eu defendo<br />

uma antropofagia sociológica, na linha do Oswald de Andrade. Acho que sempre degluti<br />

leituras, teorias e fui usando o que eu achava pertinente para explicar as realidades que<br />

queria analisar. Na minha defesa de tese em Nanterre, meu orientador me disse que eu<br />

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