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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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mas em certo ponto, dava conselhos corretos. Você quer ir a campo? Então, faça o seguinte,<br />

dê uma olhada nas escolas secundárias, high school e faça um balanço das estatísticas<br />

gerais sobre brancos e negros, duas categorias muito claras nas escolas americanas. E<br />

escolha quatro escolas, duas brancas e duas negras. Nos Estados Unidos se podia fazer<br />

direitinho isso, sem grandes problemas metodológicos. Há separação de escolas brancas e<br />

negras, ligadas a bairros ricos e pobres. A experiência que mais me marcou foi ir aos<br />

bairros negros. Durante meses eu andava a pé, uma meia hora, até a escola, e eu aprendi<br />

coisas sobre a realidade americana, que não teria aprendido em outras circunstâncias. Eu<br />

acho que foi ótimo fazer o mestrado. Eu aprendi um mínimo de idéias teóricas para guiar<br />

uma pesquisa.<br />

Esta foi sua tese de mestrado?.<br />

É uma tese que não foi publicada. Ela não acrescenta muito ao que se sabe. É um trabalho<br />

de campo em que a principal coisa que acontece é o pesquisador aprender a trabalhar, e<br />

como ele liga as coisas que já sabe, no início, com o propósito de pesquisa..... O ambiente<br />

que Chicago criava para se poder ler tudo quanto é coisa, era incrível. Harvard também<br />

criava isto. Apesar de que eu tinha um preconceito danado contra Harvard..<br />

Sua tese de doutorado é com o Florestan Fernandes?<br />

Primeiramente a tese de doutorado foi com o Otis Duncan, que naquela época era um<br />

mocinho, e virou um grande entendido de Metodologia. Quando voltei a falar com ele<br />

depois, estudava estratificação social, com tecnologias avançadas. O Duncan não mudou<br />

uma linha do meu projeto. O sistema de teses lá funcionava assim: apresentava-se o texto<br />

que ficavq no Departamento um mês, e qualquer um podia criticar. Não havia defesa. Os<br />

que liam eram os orientadores, mas é texto era aprovado pelo departamento E o<br />

Goldman(?) não fez nada. Eu me lembro de chegar a ele meio desapontado, mas, ao mesmo<br />

tempo ele fez um quase elogio. Foi importante, acho que a tese está bem feita. São cento e<br />

poucas páginas, correta. Quando é doutoramento, eles mudam até depois de se defender a<br />

tese, mas, ele não mudou nada. No Mestrado eles podiam me fazer mudar, corrigir. O<br />

Duncan não fez isto. E àquela altura eu já tinha aprendido a pensar e a escrever em inglês.<br />

Foi uma fase difícil porque minha mulher abandonou a carreira para me acompanhar. Eu a<br />

R ELATÓRIO DE P ESQUISA Nº 11 /2008

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