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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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lixo, porque é assim que os antepassados a vêem. Eu não vou negar, senão vamos cair no<br />

obscurantismo, que existe sim uma área que, legitimamente tem de ser reservada ao<br />

profissional de Sociologia, que é a pesquisa de ponta. Não adianta dizer que todos os<br />

homens comuns vão se preocupar quotidianamente com a pesquisa rigorosa. O problema é<br />

sempre o da relação do cidadão com o cientista. Há uma fascinação pela formulação do<br />

velho Comte, que levanta a questão da relação do cidadão comum e a Ciência. Como o<br />

cidadão comum pode confiar naquilo que o cientista fala. Embora o cidadão não seja é um<br />

especialista, ele tem uma base sólida de vivência e de conhecimento da sociedade que lhe<br />

permite avaliar os diagnósticos e as soluções propostas. Agora, falo eu: o cidadão comum<br />

tem de ter condição para ser não simplesmente um consumidor, ou um cliente em relação à<br />

sociedade, mas, ser um interlocutor do cientista. Aí é que chega a conclusão simpática de<br />

Augusto Comte e de todos os positivistas, que sempre trabalharam e nos ajudaram, aqui no<br />

Brasil, em relação a isto: tem de haver um sólido sistema de ensino público que forme o<br />

cidadão na base. Forme cidadãos com uma inteligência articulada que possa dar<br />

fundamento aos mecanismos de confiança na Ciência. O que o Comte se esqueceu é que as<br />

grandes quebras político-ideológicas na sociedade penetram na Ciência. Quando vou<br />

discutir, se devemos ou não ter usinas nucleares na produção de energia do país, nós<br />

procuramos um cientista, sim. Mas, qual deles? Comte tentou colocar a questão da<br />

transição entre o cidadão comum e a grande Ciência. Talvez, não seja suficiente. É um<br />

pouco utópico, mas, eu diria simpático, colocar a questão da Ciência Social como sendo<br />

reabsorvida pelos cidadãos. No fundo é pensar a Ciência Social de uma maneira semelhante<br />

à dos velhos socialistas pelos velhos socialistas. Vamos reabsorver. Claro que tem de se<br />

fazer uma reflexão sobre a cultura, a sociedade. Não se aplica à grande pesquisa sobre o<br />

Universo. Mas, o especialista nunca será destruído. Com relação à Sociologia, não tenho<br />

dúvida. O trabalho dos especialistas, dos profissionais, dos peritos deve ser absorvido<br />

reflexivamente pela sociedade. Eu diria que a posição do Comte representa um passo neste<br />

sentido. Ele só reforça a idéia da Escola Pública de qualidade. Para ele era ponto pacífico.<br />

Pensando na relação entre crítica e resignação e que resignação é conhecer os limites,<br />

sempre procurando ultrapassá-los, portanto, em última instância, o cientista não está<br />

resignado.<br />

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