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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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Será que algum dia teremos que desenrolar a seguinte faixa: “Ianque come back”. Porque<br />

no momento em que o modelo coreano e o chinês radical se expandirem eu quero os<br />

americanos, porque pelo menos têm uma base democrática. Claro, se não mudar a<br />

conjuntura atual com Bush, vou ter de rasgar a minha faixa. Acho que você levantou uma<br />

questão extremamente séria.. Há sim dois modelos em andamento. Um modelo é o que eu<br />

estou pensando para os países asiáticos que reforçaram poderosamente sua dimensão<br />

nacional, criando esta super economia, fazendo aquela política extremamente agressiva. A<br />

outra coisa é o nacionalismo integral. Os Estados Unidos não são propriamente um modelo<br />

de porosidade externa. Estes modelos não são aceitáveis.<br />

Depois, acoplada à questão da Estado-Nação, é a questão do mercado. Como se preserva<br />

o seu mercado?<br />

Esta é uma falsa questão. Se não se internalizar a incapacidade de decisão não há saída. O<br />

velho Furtado é uma figura que continua. Ele é uma referência importante. Agora, o perigo,<br />

com uma formulação vigorosa como a do Ianni, é que ele subestimou a emergência de<br />

formas perniciosas do nacional. Ele pensou que não dava mais para se blindar, só que está<br />

havendo gente que está blindando. E a nossa concepção possível teria de ser, digamos, que<br />

embora o Estado nacional tenha uma singularidade, esta teve de se integrar em algo mais<br />

amplo. Mas um pouco de nossa tradição tem de ser preservada. A particularidade solta é<br />

um horror. Precisa ver se isto se integra na direção universal.<br />

Com a afirmação de que o Estado-Nação acabou, onde ancorar a defesa dos direitos?<br />

Seria adorável a perspectiva de dissolução da figura fechada do Estado nacional, e de<br />

alguma coisa assim como uma sociedade internacional cosmopolita. Se tivéssemos uma<br />

federação de repúblicas livres em lugar dos Estados nacionais, sem a constituição de um<br />

Estado único internacional, talvez, aplaudíssemos. Mas, não temos. É isso que preocupa. É<br />

preciso associar à figura no projeto nacional preocupações democráticas.<br />

A sociologia poderia ter este papel político de repensar um projeto nacional?<br />

Os nossos grandes mestres no Brasil e, nos Estados Unidos, Wrigth Mills,por exemplo, isto<br />

é, aqueles que realmente se jogaram com uma paixão e entusiasmo na Sociologia, eles<br />

compartilhavam desta idéia. A Sociologia seria a forma reflexiva de o cidadão se colocar<br />

no mundo. Só isto é que importa. Se a Sociologia não chegar a isto, tem de ser jogada no<br />

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