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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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Ele era aberto?<br />

Ele era muito direto. Não era um patrão de estilo aristocrata, dos historiadores. Ele chegava<br />

junto, inteiramente apaixonado; trabalhava como maluco. Era muito envolvido, muito<br />

empenhado; e era, de fato, um orientador. Acho que foi através da leitura dele que comecei<br />

a fazer o projeto dos intelectuais. Quando cheguei lá é comecei a ler outras coisas, inclusive<br />

História da Arte, porque ele nos obrigava a ter noções de História da Arte. Não é possível<br />

de trabalhar com Cultura sem saber História Social da Arte, dizia ele. Fazíamos seu<br />

seminário na École Normale, com convidados, como Castelnuovo, o historiador de arte,<br />

grande amigo dele, que agora vou publicar na Cia das Letras . Também li Braudel, com o<br />

qual ele tinha uma relação muito tensa e complicada. Era complicada porque ele achava<br />

que o Braudel tinha grande importância na consolidação das Ciências Sociais, mas, ao<br />

mesmo tempo, era muito conservador em relação à Sociologia, teoricamente. Como ele<br />

tinha estado no Brasil, Bourdieu freqüentemente se informava da minha tese com o<br />

Braudel.<br />

Bourdieu sabia pouco sobre o Brasil?<br />

Ele não sabia nada de Brasil. Ele não podia perguntar ao Touraine, porque eles não se<br />

falavam. Mas, foi bom me terem obrigado a escrever Poder e Sexo. Quando voltei ao Brasil<br />

o texto em francês estava pronto para sair na Revista. Eu fiz uma versão brasileira que saiu<br />

no livrinho da Perspectiva. Mas, a grande participação de Bourdieu na discussão da tese foi<br />

em 1978. Em 74, 75 ele discutiu mais o projeto, o primeiro material e o artigo Poder e<br />

Sexo. Como começou a correr no Brasil que o doutorado de terceiro ciclo não seria<br />

reconhecido, eu fiquei apavorado. Eu estava inscrito aqui com o Leôncio, mas, a minha<br />

intenção era só defender lá. Aí, começaram a dizer que o governo brasileiro não ia mais<br />

reconhecer os doutorados de terceiro ciclo. Eu escrevi para o Leôncio e ele disse para não<br />

me preocupar. “Você defende aí, traga a tese, e aqui fazemos uma outra”. Eu defendi aqui<br />

em março ou abril, e viajei para preparar a versão em francês. Defendi a tese em 12, 13 de<br />

dezembro. Todos aqueles meses, indo e vindo, os assistentes também me ajudavam no<br />

francês para conseguirmos uma embocadura do texto em francês.<br />

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