18.04.2013 Views

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

questão instigante para um marxista, Porque se chama de populismo fenômenos<br />

completamente distintos. O populismo russo é de base agrária ante-industrializante. É a<br />

vanguarda da intelectualidade que é portadora de um projeto bonito, que é o das<br />

comunidades aldeãs camponesas russas enquanto que o populismo latino-americano é<br />

urbano, é industrial, é de massa e não é rural. Assim, estava claro que alguma coisa aí não<br />

estava batendo.. Mas, quando defendi a minha dissertação de mestrado nos anos 80,<br />

estavam explodindo as greves do ABC Paulista. Assim, enquanto minha cabeça me<br />

empurrava para esse tal populismo, o meu coração me empurrava para estudar as greves do<br />

ABC. Era o novo que estava surgindo. Era uma classe trabalhadora nova, uma nova classe<br />

operária, Era uma reflexão que eu já fazia na universidade, como aluno e já como professor<br />

na F<strong>GV</strong>. Leôncio Martins Rodrigues dizia que essa nova classe operária tinha um pouco de<br />

uma aristocracia operária, simplificando muito seu argumento. Era um pólo tradeunionista<br />

no sindicalismo brasileiro. Maria Hermínia ia também um pouco nesta direção. Eu via<br />

diferente essa situação. Está nascendo uma classe trabalhadora com uma potencialidade,<br />

que não é igual à aristocracia operária, é algo diferente.Então, em pouco tempo, decidi e<br />

fui bater na USP. Quem é que pode orientar esse trabalho? Por sugestão do Décio, procurei<br />

Paulo Silveira que era amigo dele. Mesmo não sendo um especialista no tema do trabalho,<br />

mas vai te dar a abertura, disse Décio. Como bom marxista eu queria um orientador<br />

marxista na USP. Paulo me deu acolhida gostou do projeto. Ele já era e é um intelectual de<br />

formação marxista. Foi aí que eu entrei na USP, isso foi em 80. E nessa altura eu já estava<br />

migrando para universidade pública porque a <strong>GV</strong> em crise financeira e em crise política<br />

com a relação do Rio, não tinha perspectiva de incorporar esses recém sociólogos, que ela<br />

tinha formado. Eu brinquei aqui no meu seminário hoje, que eu me tornei sociólogo aqui na<br />

F<strong>GV</strong>.<br />

Nessa época você foi para Araraquara, não?<br />

Eu entrei na história social da Unesp de Araraquara, levado pelo Carone. Eu havia sido<br />

aluno dele aqui na <strong>GV</strong> em 70 e entrei como professor parcial na Unesp e fiquei na F<strong>GV</strong>. Eu<br />

trabalhava também na Fundap num esquema de consultoria parcial para sobreviver, porque<br />

eu já era casado, já tinha filho. Quando a Unesp abriu a faculdade em tempo integral, eu me<br />

transferi para lá, mas continuei morando em São Paulo. Em 1986, quando houve um<br />

concurso público na Unicamp que eu me candidatei e fiz. Eu sou orgulhoso de ser um aluno<br />

385

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!