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CONVERSAS COM SOCIÓLOGOS BRASILEIROS ... - GV Pesquisa

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tradicional, a tese não teria a menor importância”. Ele me deu impressa a sua intervenção.<br />

Mas, fez uma argüição diferente do que escreveu no seguinte sentido: ele trouxe mais para<br />

a argüição a experiência nativa dele, com aquelas pessoas. Do Fernando de Azevedo, fez<br />

um retrato notável. Ele disse:”Você não conhecia estas pessoas. Eu as conheci”.A outra<br />

pessoa que fez a argüição foi a Carmute.. Ela se prendeu muito na dimensão teórica.<br />

Cobrou-me Mannheim. Era uma argüição fácil de responder. O Gabriel foi confuso,<br />

misturando muitas coisas e também muito teórico.. A argüição mais próxima à<br />

sensitividade material foi do Antônio Candido. Foi fascinante. Porque era de alguém que<br />

via por dentro o tema, que tinha simpatia pelo trabalho. E, ao mesmo tempo, legitimando a<br />

tese. Só que quando fui pegar a apresentação, ele disse que havia escrito coisas que talvez<br />

eu não gostasse.”Então, sinta-se à vontade para publicar ou não. É melhor que você leia<br />

antes de sair daqui”. Eu me lembro que me sentei em sua mesa, com ele na ponta, e<br />

comecei a ler. Quando acabei, ele me perguntou, então? Eu lhe disse:”Realmente o senhor<br />

não concorda com algumas coisas, mas, vou lhe dizer algo que o senhor talvez, também,<br />

não goste. Eu acho que sua apresentação diz mais sobre o senhor do que sobre o meu<br />

trabalho. O senhor está falando do meu trabalho, mas, na verdade, o senhor está falando de<br />

si. É o senhor que está ali, portanto, para mim é uma honra, uma homenagem. Eu vou<br />

publicar. Não faz mal que o senhor discorde. Ao contrário, isto ficou associado ao trabalho.<br />

Acha que ele tinha de acertar isto com você?<br />

De fato, muitos anos depois, Silviano me disse que Antônio Cândido tinha lhe dito que o<br />

meu livro tinha mexido de tal maneira com a sua cabeça que ele se pôs de novo no estudo<br />

do tema da memorialística.<br />

Qual era a relação de A. Cândido com Drummond?<br />

Recentemente, eu fiz esta pergunta a ele e ele me disse que não foi boa. “Eu o conheci no<br />

Congresso Brasileiro de Escritores, era muito arrogante, muito defendido. Ele se punha<br />

sempre acima dos outros. É claro que nós éramos mais jovens... Depois, claro, nós nos<br />

aproximamos mais. Ele mandava seus trabalhos com dedicatória”.<br />

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